Digital é a nova realidade na América Latina. Em uma recente pesquisa, a consultoria Celent aponta que 100% dos participantes reconheceu que um cenário onde todos os produtos financeiros serão digitalizados será realidade em algum momento dos próximos sete anos; e 59% deles acreditam que o tema precisa ser tratado imediatamente.

“Eu acredito que nós estamos em um ponto de inflexão e os bancos da América Latina terão de repensar os seus investimentos e estratégias digitais: a ameaça agora é real”, diz o analista senior da Celent, Juan Mazzini.

Há também um consenso geral de que a maioria dos bancos estão entrando tarde na era digital, apesar de alguns já estarem se movendo nessa direção. A ameaça das fintechs também é uma realidade. Mais de 80 fintechs no Brasil e 60 na Colômbia são um bom indicador de que o setor financeiro já está sendo desafiado.

Em outras geografias, os bancos têm respondido a esta ameaça, tornando-se extremamente digital e também neo-bancos têm sido lançados para atrair os clientes que procuram um relacionamento mais amigável e digital com a sua instituição financeira. Atom Bank no Reino Unido,  Fidor Bank na Alemanha, e mBank na Polônia são apenas alguns exemplos.

Na América Latina, os principais marcos no desenvolvimento digital registrados até agora eram o brasileiro Nubank (com valor de mercado estimado em US$ 500 milhões) e o mexicano Bankaool (US$ 142 milhões em ativos), até março de 2016 quando o Banco Original (US$ 1,67 bilhão em ativos) foi lançado no Brasil.

Enquanto o Nubank está focado inteiramente na oferta de um cartão de crédito com acesso em tempo real, interface personalizada e amigável para visualização de despesas, e modernos canais de contato (e-mail, telefone ou chat), Bankaool é focado principalmente em uma conta corrente com um cartão de débito, empréstimos às PME e financiamento de veículos.

O Banco Original é o terceiro passo nesta única estratégia bancária digital na região, tornando-se o primeiro banco digital na América Latina. Como parte de sua estratégia para posicionar o banco como diferente e inovador, lançou campanha publicitária com Usain Bolt. O banco, que já existia, iniciou um investimento de US$ 152 milhões em 2013 para se tornar um banco digital. O banco não tem sucursais e a interação é 100% através de canais digitais e um call center. Este movimento foi fundamental para sua estratégia de se tornar um banco universal, afastando-se de ser exclusivamente focado no agronegócio.

Enquanto a maioria dos neo-bancos e fintechs estão buscando alternativas para modificar a experiência do cliente em serviços financeiros adotando desenvolvimento in-house para apoiar a sua estratégia digital, este não é o caso do Banco Original que se baseou em uma solução de API aberta.

“Soluções comercialmente disponíveis que podem suportar um único banco digital significa que, como indústria, estamos prontos para decolar. Não há nenhuma razão agora por que outros bancos não devem seguir essa tendência, e os fornecedores de software vai fazer a sua parte empurrando a sua oferta em bancos de todos os tamanhos”, diz Mazzini.