O setor de fintechs está na moda, e já se começa a discutir se há ou não uma bolha se formando. “Acho difícil falar em bolha – principalmente no Brasil, onde o fenômeno é mais recente”, diz Rafael Sasso, professor da Fipecafi, idealizador da iniciativa “brazil fintech”, que está convergindo com outros para a criação de uma associação para o setor.  

Sasso também é sócio de diversas fintechs, entre elas a Melhortaxa – que ajuda o usuário a encontrar a melhor taxa de financiamento imobiliário.

É verdade que fora do Brasil os “pitchs” tem sido mais caros.Mas será que o fluxo de dinheiro grande que foi para as fintechs foi demais?, pergunta.

“Os serviços financeiros são muito ruins.Tem muito funcionário de banco identificando gaps na estrutura das instituições tradicionais, saindo e tentando resolver criando suas fintechs”, acrescenta Sasso. “Nos próximos dois anos vamos ver para onde vai o setor. Com certeza o landscape bancário vai mudar, o mercado viveu até agora de assimetria de informação – mas hoje tem muita informação a disposição, basta querer acessar e usar”.

Sasso lembra, ainda, que com a saída da Inglaterra da União Europeia, os investimentos em fintechs tendem a desacelerar, uma vez que o governo britânica vinha sendo um dos grandes responsáveis para o estímulo do crescimento, ajudando as fintechs a fazerem negócios com as grandes empresas e grandes bancos, fomentando a colaboração e não a concorrência.

O professor defende que o foco tem que ser de parceria entre fintechs e bancos. “Precisa ser uma relação ganha/ganha. Os bancos podem ser clientes e/ou parceiros. As grandes empresas tem de surfar essa onda”, diz. Mas se no exterior as grandes instituições já estão mais abertas a receber e analisar propostas de fintechs, no Brasil a receptividade ainda é difícil.

“A cabeça dos executivos dos bancos está mudando, é preciso descobrir a melhor maneira de fazer engajamento e receber essas startups. Tem um processo de mudança cultural em curso. E a tecnologia ajuda a empurrar para melhorar, tira a transformação das mãos de poucos e democratizar o poder”, afirma.

Além da Melhortaxa, onde tem cargo executivo, o professor tem participações em outras fintechs. Sasso trabalhou muito tempo em diversas funções no mercado financeiro, no Brasil e exterior, por isso considera “natural” ter caído nesse caminho de empreendedorismo e inovação. “Sou de uma geração de paulistanos que começou a empreender. Muitos de nós saíram da mesma sala de aula”, revela.

No começo deste ano, junto com outros empresarios, Sasso identificou a necessidade de criar uma associação para o setor, e lançou a pedra inaugural da Brazil Fintech. Sasso explica, contudo, que surgiu uma outra frente de interessados a se juntar à iniciativa e por isso a efetiva operação da associação atrasou. “Nos próximos dois meses deve sair algo bem formatado”, informando que já tem cerca de 100 fintechs associadas.