Fintech Moss aposta em crédito de carbono

Além de bancos digitais, conta-corrente, empréstimos ou investimentos, as fintechs começam agora a explorar novos nichos. A fintech Moss aposta na comercialização de crédito de carbono. Veja abaixo reportagem publicada no site Capital Reset, das jornalistas Vanessa Adachi e Natalia Viri:

Amazon, Microsoft, BP, Shell: a lista de empresas com compromissos de se tornarem neutras em emissões líquidas de carbono nas próximas décadas cresce todos os dias. 

De olho nessa demanda, um brasileiro que fez carreira como gestor de fundos criou uma fintech com um objetivo ambicioso: dar liquidez e desenvolver o hoje pouco eficiente mercado de créditos de carbono voluntário.

A Moss é uma fintech ambiental, que vende créditos de carbono para pessoas físicas e para empresas de qualquer tamanho que queiram compensar suas emissões.

Com uma inovação crucial: é primeira no mundo a oferecer o ativo também para investidores que querem comprá-lo para carregar no longo prazo, para fazer dinheiro com uma potencial valorização. 

“Somos os únicos a oferecer os créditos de carbono como investimentos para pessoa física: ela compra e não tem que compensar automaticamente”, diz o fundador Luiz Felipe Adaime. “Assim como o ouro e o petróleo, o crédito de carbono é um ativo que não expira, até que você efetivamente o compense.”

A ideia é que, com mais participantes, haja liquidez e uma formação de preços mais transparente para um mercado hoje opaco. 

O que pode ser o pulo do gato da Moss é a ideia de certificar os créditos de carbono por blockchain, dando segurança ao processo. Um ‘token’ de CO2 tem como lastro um crédito de carbono.  Um crédito de carbono, por sua vez, é equivalente a uma tonelada de carbono cuja emissão foi evitada. 

“Como se trata de um ativo intangível, tem sempre uma preocupação grande de que não se venda duas ou três vezes a mesma coisa”, diz Adaime. “Com o blockchain não dá pra fazer isso, porque toda transação fica gravada.” 

A startup, que começou a operar em março, rapidamente se tornou a maior compradora de créditos de carbono do país, uma vez que o mercado é muito incipiente. 

Focada inicialmente na demanda de pessoas físicas, a Moss já transacionou 1,7 milhão de toneladas de CO2 equivalentes na plataforma. A Natura, a maior compradora do mercado brasileira, compra 300 mil toneladas ao ano.  

Esses créditos vêm de projetos florestais na Amazônia, e o dinheiro é um incentivo concreto para que os proprietários de terras e comunidades locais mantenham a florestas em pé.

A Moss acaba de fechar uma rodada seed de capital de R$ 8 milhões, que a avaliou em R$ 57 milhões. O aporte foi liderado pela Pfeffer Capital, family office de John Pfeffer, um ex-sócio da firma de private equity KKR e um dos mais ativos investidores em criptomoedas do mundo. 

A rodada contou ainda com a participação de uma dezena de investidores brasileiros, no esquema ‘family and friends’, entre eles o CEO da Dasa, Carlos de Barros, o CEO da Alicerce, Paulo Batista, e o ex-BTG e Gávea, Rafael Horta. 

“É quase um bitcoin melhorado, porque tem um lastro real. E o crédito voluntário está muito descontado em relação ao mercado regulado, uma diferença que tende a ‘fechar” com o tempo’”, diz um investidor do projeto que preferiu não ser identificado. 

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