Opinião

Dia do empreendedor: reveses à parte, nunca se empreendeu tanto

Hoje é o dia do empreendedor aqui no Brasil. A data foi escolhida porque a Lei 9.841, que instituiu o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, foi aprovada em 5 de outubro de 1999.

Eu não sou economista, não sou pesquisadora, não tenho os dados na ponta da língua. Mas pelo que vejo ao meu redor, e também pelo meu feeling e experiência de jornalista de finanças, tenho a impressão de que nunca se empreendeu tanto no Brasil.

Por isso, correndo o risco de errar e de ser criticada, eu acho que hoje é uma data que muita gente deve comemorar mesmo, com vontade.

A maioria dos que venceram empreendendo nos últimos meses desse desafiador 2020 fizeram isso mais por necessidade do que por vontade. Mas, ainda assim valeu, pois alguns – tomara que todos! – podem ter descoberto uma vocação.

Os sobreviventes

Os inúmeros empreendedores de negócios duramente afetados, como restaurantes, turismo e entretenimento (cinema, teatro, eventos e shows) que sobreviveram até aqui também têm muito o que celebrar o dia de hoje.

O que há em comum entre todos os sobreviventes e vencedores da pandemia Covid 19, além de garra e determinação? Inovação.

Inovação é muito mais do que desenvolver uma tecnologia de ponta capaz de fazer um carro voar; é se apropriar das tecnologias mais avançadas para resolver os problemas das pessoas, de um modo que nunca ninguém antes fez.

Empreender hoje é mais do que abrir uma porta, registrar um CNPJ, atender em um consultório, dar aulas ou construir alvenaria. Tudo isso, claro, segue absolutamente importante e necessário. Mas as tecnologias – ou melhor, o bom aproveitamento delas – tem permitido que muitos empreendedores de todas essas áreas (e de muitas outras que estão surgindo) sejam vencedores nas suas empreitadas.

As fintechs

Aqui, depois de um longo preâmbulo – “nariz de cera”, no jargão jornalístico – entra o meu interesse pelas fintechs, razão de ser desse portal. Fintechs são empreendimentos startups que se apropriam de tecnologias avançadas para resolver problemas e viabilizar negócios – os delas mesmas e os dos seus clientes. Inovação na veia!

De fornecedoras de serviços financeiros a plataformas completas para transformar qualquer empresa em banco, elas estão aí, crescendo e melhorando a experiência dos clientes.

Cada vida conta

Mas, claro que infelizmente, outros tantos não tiveram a mesma sorte. E cada vida conta. Minha veia jornalística jamais deixaria o outro lado de lado.

Muitas PMEs, que faturam até R$ 4,8 milhões, representam 96,6% dos negócios, contribuem para cerca de 30% do produto interno bruto brasileiro e são responsáveis por 52% dos empregos formais fecharam por causa da pandemia.

Quantas deram com a cara na porta ao tentar empréstimos prometidos pelo programa que o governo federal lançou, o Prodemp? Muitas mesmo.

Mas, segundo o Sebrae e a Fundação Getulio Vargas (FGV), foram a minoria. Pesquisa divulgada em agosto mostrou que, apesar dos pesares, 75% dos negócios reabriram e a queda média de faturamento mensal, que era de 70% em maio, agora é de 40%.

Parabéns a todos, e também aos malucos de laboratório que passam a vida desenvolvendo novas e disruptivas tecnologias.

Termino aqui com profundo respeito por quem não conseguiu, e sinceros votos de que se reencontrem: a jornalista/empreendedora que mora em mim saúda o empreendedor/batalhador em cada um de vocês.