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Bloxs, fintech de investimentos alternativos, foca em 'mini IPOs' de projetos da economia real

Com um pé no digital e outro na economia real – imóveis, agronegócio e energia – a fintech de investimentos alternativos Bloxs oferece um serviço que é, praticamente, um “mini IPO” para captação de recursos para projetos nessas áreas. A Bloxs se especializou em prospectar projetos de pequeno e médio portes e oferecê-los ao mercado de investidores. A finech é enquadrada na Instrução 588 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de equity crowdfunding – que permite financiamentos coletivos de até R$ 5 milhões).

Em tempo: IPO significa oferta pública inicial, em inglês.

“Conseguimos distribuir cotas desses projetos menores por uma simples razão: somos digitais”, diz o CEO da Bloxs, Felipe Souto. Segundo ele, esses negócios menores não interessam aos grandes bancos de investimento devido aos altos custos, que não são cobertos pelo retorno dos baixos volumes negociados. Os projetos estão disponíveis no site. Nesse momento, há apenas um disponível – eles são renovados periodicamente. Com metade do R$ 1 milhão já captado, o projeto é da LCR Imóveis, para construção de um condomínio de casas em Petrolina (PE).

“As tecnologias mais avançadas como Inteligência Artificial e Deep Learning nos permitem processar uma quantidade grande de informações e analisar vários projetos pequenos, de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões, e ainda gerar vantagem competitiva”, diz Souto. “O investidor tem uma experiência 100% digital e ao mesmo tempo se torna sócio de algo na economia real”. Segundo o empreendedor, o retorno dos projetos varia de 15% a 25% ao ano.

Além de financiar esses projetos, a Bloxs visa, também, oferecer a investidores comuns a oportunidade que até pouco tempo atrás estava acessível apenas a investidores institucionais ou a milionários. Segundo o CEO, é possível aplicar a partir de R$ 5 mil. “Investimento em ativos reais é uma opção às taxas de juros, em queda livre, e também a alta volatilidade das ações. “O único risco que correm é risco de crédito”, diz, alertando que o investidor deve adequar o projeto escolhido ao seu perfil.

O advogado baiano é especialista em desenvolvimento e expansão de negócios com mais de 15 anos de experiência no ramo: foi sócio fundador da FuturaInvest, onde participou ativamente do processo de desbancarização dos investimentos financeiros até 2016, quando teve sua operação adquirida por um grupo internacional. Acaba de lançar um livro, Investidor de Sucesso 4.0 – Do Tradicional ao Alternativo (Editora Antifrágil) e está animado com 2021. “Uma audiência pública da CVM já encerrada está em análise pela autarquia, para elevar os limites e permitir a divulgação dos prospectos, além de regulamentar o mercado secundário. Isso deve abrir mais oportunidades ainda”, diz.

Alternativos em alta

As fintechs de investimentos alternativos estão prosperando na razão diretamente proporcional à queda das taxas de juros no Brasil.

A Balko, plataforma de investimentos em ativos que são pouco conhecidos do público, com pouca liquidez, bastante risco e promessa de rentabilidade bem acima da renda fixa, revelou ao Portal Fintechs Brasil no final do ano passado que preparava mais uma rodada de captação de recursos para o começo de 2021.

O objetivo, segundo Vinicius Attilio, diretor de marketing e da área comercial da fintech, é ter fôlego para investir mais na equipe e oferecer mais ativos. Hoje, a Balko trabalha basicamente com precatórios, mas em 2021 vai passar a oferecer outros produtos com complexidade jurídica, como créditos não performados e financiamento de litígios judiciais.

No mês de julho, a Hurst Capital lançou no Brasil sua plataforma de investimentos em ativos de propriedade intelectual, com uma operação de recebíveis de royalties de uma carteira variada com mais de cinco mil músicas. Na ocasião, a operação atraiu centenas de investidores que esgotaram a captação, realizada em modelo de crowdfunding de investimentos, em menos de 24 horas, segundo o CEO da Hurst, Arthur Farache.

Em outubro, a Hurst fechou um acordo com o roqueiro Paulo Ricardo para incluir suas músicas no portfólio de opções. Segundo a fintech, a partir de R$ 1 mil é possível comprar recebíveis de royalties musicais. Embora seja um ativo de renda variável, a Hurst projeta um rendimento em torno de 12% ao ano, com base no crescimento das plataformas de streaming como Spotify e Deezer – cada vez que uma música e reproduzida nesses aplicativos, Paulo Ricardo ganha direitos autorais.