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Spike, da Monkey, espera antecipar R$ 8 bilhões de recebíveis de cartões em 2021

O adiamento do início da interoperabilidade entre registradoras de recebíveis não desanimou Bernardo do Vale, sócio responsável pela área de clientes e instituições financeiras na Monkey Exchange. O empreendedor lidera a Spike, projeto que nasceu dentro da Monkey exatamente para atuar nesse novo mercado. Segundo ele, a Spike vai trabalhar com dois produtos: um marketplace “puro”, plataforma digital que vai conectar pequenos e médios empresários a mais de 30 instituições financeiras para a negociação das antecipações; e um serviço white label, para credenciadoras e bancos – eles já fecharam três contratos.

“Nossa expectativa é antecipar algo como R$ 8 bilhões em recebíveis de cartões em 2021”, diz.  “A Spike nasce do tamanho que era a Monkey no ano passado, depois de quatro anos de vida. O potencial do mercado de recebíveis é gigante, e a concorrência maior deve beneficiar os pequenos e médios empresários com a queda das taxas”.

O mercado de recebíveis de cartões movimenta R$ 1,5 trilhão por ano, segundo último estudo da Abecs, associação do setor; e, em 2019, cerca de 63% do volume transacionado em cartões correspondeu a movimentações feitas por cartão de crédito, um aumento de 19,8% em relação a 2018.

Vale admite que o adiamento anunciado hoje “reduziu o aquário”, mas acredita que será até bom: “Assim teremos tempo para crescer sem atropelos”, diz. A nova regulamentação deveria entrar em vigor no dia 17 mas devido aos pedidos de uma das três registradoras já homologadas, a CIP – que alegou não estar preparada para o lançamento – foi adiado para 7 de junho.

Embora tenha sido adiado seu início oficial, as registradoras TAG ( da Stone) e CERC afirmaram já estar em condições de inaugurar a interoperabilidade. É essa troca que vai permitir aos empresários negociar melhor as condições das antecipações das suas vendas com cartões de crédito, pois não ficarão mais obrigados a fazer o desconto apenas com as credenciadoras da bandeira X ou Y.  “As taxas cobradas dos pequenos e médios estabelecimentos comerciais por essas antecipações giram em torno de 3% ao mês, lembrando que o juro básico no Brasil está em 2% ao ano. Acredito que com a concorrência, as taxas podem cair um dígito em um ano”.