Opinião

O potencial do crowdfunding como alternativa de captação no Brasil - Felipe Souto

Felipe Souto*

Popularmente conhecido como financiamento coletivo ou “vaquinha virtual”, como é chamado por muitos, o crowdfunding é uma forma das empresas captarem recursos por meio de uma oferta pública, seja para criar ou desenvolver um produto ou serviço. Geralmente, o retorno desse tipo de investimento vem a médio ou longo prazo e é realizado por meio de plataformas digitais especializadas com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nos termos da instrução 588 do órgão.

Para se ter uma ideia do quão promissor é esse mercado, o último relatório publicado pela Cambridge Centre for Alternative Finance (CCAF), em 2019, mostra que o setor de crowdfunding mundial apresentou um crescimento de 44,2% e os três países que tiveram mais destaques foram a China (86% do mercado), Estados Unidos (10,3%) e Reino Unido (1,88%). 

Nos EUA, por exemplo, esse tipo de financiamento é bastante comum e considerado a principal alternativa para os investidores no segmento imobiliário. Se olharmos para o Brasil, essa prática ganhou força principalmente em 2017, quando passou a ser regulada pela CVM. Porém, diferente do país americano – em que é permitido a captação de até US$ 100 milhões por meio de “mini-IPOs” -, por aqui cada oferta não pode passar dos R$ 5 milhões e o limite de receita bruta anual das empresas precisa ser em torno de R$ 10 milhões.

O que observamos atualmente é que em momentos de instabilidades econômicas como essa que vivemos devido a pandemia do Covid-19, o crowdfunding tem se mostrado uma ótima opção rentável. Se pararmos para analisar o impacto do coronavírus no mercado financeiro, muitas empresas perderam muitos rendimentos e só conseguiram se recuperar por meio de investimento coletivo ou de outras práticas.

Outros fatores que contribuem positivamente para a fomentação de novos negócios giram em torno da Taxa Selic a 2%, adesão de inovação tecnológica e também da popularização das corretoras de investimentos. esse último em específico, consegue garantir a democratização e desintermediação do mercado financeiro.

Por fim, o que posso ressaltar é que diversas empresas passaram a enxergar o potencial do financiamento coletivo e muitos investidores que desejavam ter uma rentabilidade diversificada, lastreado a economia real, puderam utilizar da inovação para realizar esse tipo de transação. Vale a pena ficarmos de olho na evolução desse mercado.

*Felipe Souto é CEO da Bloxs Investimentos, plataforma pioneira em investimentos alternativos no Brasil