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Volt Partners prepara fundo para investir somente fintechs; meta é captar R$ 200 milhões

A gestora Volt Partners, fundada por Marcelo Peano em 2010, está estruturando um fundo de venture capital de R$ 200 milhões para investir somente em fintechs. O Fintech Fund Revolut I será o primeiro FIP brasileiro com esse perfil. Segundo Peano revelou em entrevista exclusiva ao portal Fintechs Brasil, sete fintechs já estão na mira do novo fundo – uma delas é a USend, especializada em remessas, da qual Peano também é sócio. As outras são dos setores de crédito, meios de pagamento e algoritmo. Cada fintech deve levar de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões em recursos.

“Ainda não decidimos se vamos lançar o fundo para investidores qualificados, com mais de R$ 10 milhões para investir, ou para o público em geral. Vai depender do distribuidor que fechar com a gente, estamos conversando com alguns”, diz. A meta é atingir uma taxa interna de retorno de 25% ao ano. O investimento será de oito anos, e a partir do terceiro ano será aberto ao mercado secundário de cotas.

“As fintechs, em geral, apresentam crescimentos mais acelerados e tendem a atingir o status de unicórnio em menos tempo do que a média do mercado de startups. Nubank, Stone, Ebanx e C6 levaram em média sete anos para ultrapassarem o valor de mercado de US$ 1 bilhão – por isso este é o prazo estipulado para o fundo investir seu capital”, explica.

Quantos anos as startups brasileiras demoraram para virar unicornios

“Já nascemos com um time experiente, com forte influência no mercado de fintechs e investimentos encaminhados”, diz o executivo. Seus sócios na empreitada são o premiado publicitário Jader Rossetto e Marcia Mello, executiva com muito conhecimento do mercado de meios de pagamento.

Economista, com MBA pela Chicago University, Peano foi sócio da Utor Investimentos com Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira antes da fusão com a GP Investimentos; e foi vice presidente da área de derivativos do JP Morgan. Além da Volt, é sócio e membro do conselho da USend e da Magnopus, startup de inteligência artificial. Rossetto foi sócio de grandes agências de publicidade, ganhou diversos prêmios internacionais e criou campanhas icônicas, como Itaú Digital e Desbancarize, da XP; atualmente é sócio da Genial investimentos e do Acordo Certo, plataforma de negociação de dívidas. Marcia teve passagens pela Cielo, Elavon e Global Payments, onde foi CEO; desde o início de 2020, atua como conselheira independente da PagSeguro, é presidente do Conselho do SmartBank e mentora da Quintessa, aceleradora de startups.

A Volt faz a gestão de dois fundos: o Warehouse, lançado em 2013 e hoje com R$ 44 milhões em ativos; e o Pier 18, lançado em 2015, com R$ 120 milhões em ativos.

A USend é uma fintech que atua no segmento de remessas e pagamentos cross-border, braço digital do Pontual Money Transfer, fundado em 2007 nos Estados Unidos. Segundo Peano,a USend é hoje um dos aplicativos mais usados nos EUA para transferências ao Brasil. “Em 2019, o fundo Pier 18 liderou o investimento na USend e trouxe Lemann como co-investidor”, revela. A fintech atua em quatro frentes: além das remessas, tem uma conta digital, a Usend Global Account para pessoas físicas e empresas brasileiras que querem acessar o mercado internacional; está lançando um cartão de crédito; atua como facilitadora de pagamentos, no Brasil, para empresas estrangeiras; e também como fintech de investimentos para brasileiros nos Estados Unidos, onde tem parceria com corretoras locais.