Opinião

O Banking as a Service e os novos protagonistas - Vanessa Santos


Vanessa Santos *

O setor de serviços financeiros se viu em meio às transformações impulsionadas pela economia digital. Hoje, mais do que atender apenas bancos e fintechs, ele tem participação em negócios de outros setores, oferecendo serviços financeiros de modo complementar. O conceito, chamado de Banking as a Service (BaaS), permite, portanto, que empresas fora do cenário tradicional possam oferecer ao consumidor serviços como pagamentos, cartões, empréstimos e investimentos.

Esse movimento ganhou notoriedade em companhias de varejo e hoje se expande a inúmeros outros setores por meio da adoção de novos modelos de software baseados em plataformas distribuídas. Dessa forma, estar em um contexto distribuído permite à empresa ficar conectada a um ecossistema digital que a aproxima de sua cadeia de valor, além de melhorar a experiência do usuário ao rodar dados na edge, diminuindo a latência.

O Open Banking e o PIX ilustram bem esse cenário, uma vez que, a partir deles, serviços financeiros podem ser incorporados a aplicativos de terceiros de maneira descentralizada, acessados por meio de APIs e interconectados com parceiros de toda a cadeia de valor — além de provedores de serviços de TI, cloud, segurança etc.

Como aderir ao modelo distribuído para adicionar novos serviços financeiros?
Há diversos métodos para a adesão, como a construção dos próprios serviços, o estabelecimento de parcerias com agentes que atuam como conectores (fazendo a ponte entre os serviços financeiros e os negócios não financeiros) e a incorporação direta da novidade em produtos.

Em qualquer uma dessas abordagens, é preciso, sobretudo, planejar. Muitas empresas falham ao não darem o devido valor aos dados, à infraestrutura digital e a uma arquitetura adaptável à evolução de contexto. Por exemplo, segundo o estudo Global Interconnection Index (GXI) — volume 4, embora os dados cresçam exponencialmente, menos de 3% das informações criadas atualmente no mundo estão sendo realmente analisadas para o uso em inteligência corporativa — o que não está livre de prejudicar o andamento de empreendimentos que fazem parte de um ecossistema de criação e utilização de dados de forma estratégica.

O mercado potencial de serviços financeiros incorporados a outros setores pode chegar a US$ 3,6 trilhões em 10 anos somente nos Estados Unidos, de acordo com previsões da Bain Capital Ventures. Desse modo, preparar a infraestrutura agora para suportar tal ferramenta é se posicionar como protagonista digital no mercado.

Agentes de Transformação


A partir da adoção da infraestrutura digital em arquitetura distribuída, os agentes desse setor podem ampliar a sua área de atuação e potencializar o seu lucro. A seguir, veja como diferentes perfis de empresas podem se beneficiar dessa ferramenta.

Tecnologia: por meio de parcerias com instituições financeiras, os negócios desse setor podem sair de seus âmbitos originais e explorar novas oportunidades, como o lançamento de serviços financeiros incorporados à forma de pagamentos digitais, contas correntes integradas e serviços de empréstimos.

Varejo: ao explorar o modelo, uma varejista pode bancarizar consumidores e incluir parcerias com diversas empresas, oferecendo uma gama maior de produtos e serviços, facilitando o consumo em sua rede. Assim, em um só “local”, clientes encontram soluções de diversos âmbitos, como cartões, empréstimos e investimentos.

Fintechs: os negócios de tecnologia financeira podem se beneficiar da possibilidade de criar novos canais de distribuição de produtos fora de seu escopo principal, atuando como conectores de terceiros.

Tudo em um só lugar

Para a construção de produtos relacionados a esse movimento de incorporação de serviços financeiros em diferentes indústrias e sua disponibilização adequada ao público, são necessários elementos como interface, sistema antifraude, conformidade regulatória, gerenciamento de dados, sistemas de pagamentos, máquinas dedicadas a operações e licenciamentos, além de um funcionamento conjunto impecável.

Por exemplo, uma rede de varejo que queira lançar os seus produtos de finanças embarcadas precisa, a princípio, de otimização de rede para a concretização ágil de operações, ambientes de infraestrutura híbrida para conectar agentes, distribuição de segurança e de dados para obter o máximo de aproveitamento na participação de ecossistemas de negócios digitais.

Ecossistemas robustos permitem a Interconexão de todos esses agentes e serviços da cadeia de valor de forma distribuída. Assim, toda a comunicação entre eles é otimizada por meio de redundância dos dados, menor latência e maiores seguranças física e virtual.

A distribuição da infraestrutura permite também que os dados rodem mais perto do usuário final, melhorando a experiência por meio do uso de edge. Colocar a sua infraestrutura digital no local certo, provisionar o caminho para interconectar seus dados aos participantes da cadeia de valor e entregar a melhor experiência possível ao usuário na borda são garantias de resiliência e evolução do negócio junto à evolução da economia digital. É a velocidade de ganho de competitividade e vantagens digitais na velocidade do software para um controle estratégico e em tempo real do seu negócio.

  • Vanessa Santos é gerente de Segment Marketing da Equinix