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No mês do Orgulho LGBTQIA+, Finplace debate diversidade e inclusão; fintech tem 25% dos cargos representados por minorias e quer chegar a 35% em 2022

A Finplace, plataforma que conecta instituições financeiras com empresas que precisam antecipar receitas futuras, está promovendo uma série de debates sobre diversidade e inclusão para seus colaboradores. Os eventos acontecem em junho, mês do Orgulho LGBTQIA+. Na semana passada, a palestra foi sobre PCD e o mercado de trabalho, com a fundadora e editora do portal Além da Cadeira Camila De Luca. Entre os palestrantes, estão ainda a empresa de recrutamento e seleção, Robert Half, para falar de etarismo, e Samira Soares de Sá, mestranda em literatura e ativista do Movimento Negro Unificado, para falar de racismo estrutural.

A gestão da diversidade no ambiente corporativo é parte da letra “S” da pauta ESG, ou ASG em português – sigla para ambiental, social e governança. Apesar de inovadoras, as startups – fintechs em particular – tem pouca aderência a esses princípios, embora algumas já comecem a puxar a fila.

A Finplace tem cerca de 25% dos cargos representados por alguma minoria, e pretende chegar a 35% em um ano. “Ainda há muito a ser feito em prol da diversidade em nossa empresa, mas acredito que estamos no caminho certo”, diz Patricia Rechtman, cofundadora da fintech Finplace. O programa é uma inciativa do Comitê de Empatia da fintech, que adotou a inclusão como um dos seus pilares e investe em ações que promovam o respeito e a participação das minorias. “Uma equipe mais diversa traz para a empresa diferentes olhares e promove melhores resultados para o negócio”, ressalta Patricia. Com pouco mais de um ano de vida, a startup já conta com dois mil clientes ativos, mais de R$ 400 milhões transacionados e mais de R$ 4,1 bilhões em volume de crédito disponíveis em sua plataforma.

Números preocupantes

Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Startups no ano passado, com mais de 5 mil empresas associadas, identificou uma baixíssima diversidade no segmento. O mapeamento aponta que os homens são maioria entre os fundadores de startups no Brasil (59,2% do total), enquanto as mulheres respondem por 12,6%. E nas startups em que há mais de um fundador, a presença feminina é maioria em apenas 2,4% delas.  Na divisão por raça, a maioria se autodeclara branca (64,8%), seguida pelos pardos (22,7%) e negros (5,8%). Quanto à orientação sexual, 92,3% se declaram heterossexuais, 3,9% são homossexuais e 1,5% são bissexuais.

Os dados sobre presença feminina nos demais cargos das equipes também surpreendem, negativamente: 26,5% das startups não têm sequer uma mulher no time, enquanto que apenas 15% têm metade do time composto por mulheres. Os transexuais também estão ausentes em 96,7% das empresas participantes do levantamento. Os negros, por sua vez, não são encontrados em 52,8% das empresas do setor e pessoas com deficiência também não estão bem representadas no ecossistema: menos de 6% das startups têm pelo menos uma pessoa com necessidades especiais.

“Esses números são preocupantes e podem ser ainda piores se fizermos esse recorte nas empresas que atuam especificamente no setor financeiro”, ressalta Patricia. Ela é homossexual e trabalha há 3 anos em um setor basicamente controlado por homens heterossexuais, como é o caso do mercado financeiro.