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Antecipação de FGTS dá impulso extra ao crédito consignado; Banco PAN dá a largada, Mola e MeuTudo atraem investidores

Denise Ramiro

A possibilidade de usar o saldo do FGTS como garantia de empréstimo dá impulso extra ao segmento de crédito consignado – o Banco Pan começou a operar enquanto Mola Corban e Meu Tudo, de olho no negócio, já colhem os frutos do aumento do interesse dos clientes e dos investidores.

O Banco PAN é o primeiro a permitir que os clientes façam antecipação do saque-aniversário com garantia do FGTS de forma 100% digital diretamente pelo app da conta. A nova modalidade de empréstimo tem uma taxa de juros inferior a outros produtos do mercado e está disponível até para quem estiver ‘negativado’.

Segundo a Caixa Econômica Federal, hoje há mais de R$ 434 bilhões em recursos depositados nessas contas de dezenas de milhões de pessoas, e que poderiam estar circulando na economia. Todos os trabalhadores que possuem saldo no fundo de garantia podem alterar para a modalidade do saque-aniversário pelos canais digitais do FGTS. O montante é quase igual ao saldo de R$ 460 bilhões de todas as operações de crédito consignado para pessoas físicas registradas no sistema financeiro em abril, segundo dados do Banco Central. O total de crédito para pessoas físicas estava em R$ 2,3 trilhões.

Ao solicitar a antecipação do saque-aniversário, o valor contratado é creditado em um dia útil na conta do cliente, sem precisar esperar o mês do seu aniversário para o resgate e sem se comprometer com uma parcela mensal. Quando chegar o mês do seu aniversário, a Caixa fará o pagamento ao PAN automaticamente.

A Mola Corban, plataforma digital que presta serviços para correspondentes bancários de crédito consignado, negocia uma nova rodada de investimentos. A informação foi dada com exclusividade ao portal FintechsBrasil por Robson Portella, fundador e CEO da Mola Corban; segundo ele, os recursos devem chegar no próximo trimestre. Em novembro, a Mola havia recebido um aporte de R$ 2 milhões, liderado pelos sócios da HIX Capital, para estruturar a equipe e a operação do negócio.

Portella também informou que a Mola cogita ela própria virar uma fintech em breve. “Com os novos recursos, queremos trazer mais tecnologia e entrar em novos mercados, como o imobiliário e o de seguros”, diz Portella. O dinheiro serviu também para reforçar o time. A partir deste mês, a Mola conta com um CRO, Silvio Santana, que traz na bagagem mais de 25 anos de experiência em grandes empresas nas áreas comercial e de marketing. O executivo sênior tem passagens pela Cielo e Getnet, e o desafio de expandir e criar novos negócios para a Mola.

No mercado desde 2018, a Mola oferece soluções para atender a jornada de trabalho dos correspondentes bancários que atual com vendas, área de operações e financeira de consignado. Nos últimos 12 meses, viu o seu faturamento multiplicar por dez; desde dezembro, o número de clientes saltou de 80 para 250 e o número de funcionários mais que triplicou em seis meses.

Na semana passada, a fintech MeuTudo anunciou um aporte de até R$ 2,1 bilhões da Goldman Sachs, uma operação casada que envolve a participação no equity e o compromisso de fornecer o volume em funding para sete novos FIDCs. A MeuTudo já levantou um FIDCs de R$ 400 milhões e a Goldman Sachs está liberando outros R$ 300 milhões para um segundo FIDCs.

Fundada em 2017, a MeuTudo começou como um marketplace que vendia crédito consignado de vários bancos e, em setembro passado, abandonou o modelo para oferecer empréstimo próprio por meio de FIDCs. Com a nova rodada, a fintech planeja colocar novos produtos no mercado, como um cartão de crédito vinculado ao salário e outras linhas de crédito consignado, hoje está apenas no INSS, assim como um consignado vinculado ao FGTS, recentemente regulamentado pelo Banco Central.

A Totvs também está no negócio de crédito consignado digital desde o final do ano passado, com uma oferta direcionada aos departamentos de recursos humanos e integrada aos sistemas de folha de pagamento das companhias clientes. A solução oferecida pela fintech promete simplificar a gestão de empréstimo consignado privado, automatizando todas as etapas do seu departamento pessoal, desde a criação do contrato até a averbação dos descontos em folha, e ainda simplificar a simulação, contratação e acompanhamento da solicitação, do extrato e do saldo do crédito pelos seus colaboradores, por meio do app Meu RH.

A Paketá Crédito levantou em dezembro R$ 9 milhões em investimentos para acelerar sua expansão. A captação teve a liderança do fundo brasileiro Shift Capital. Fabian Valverde, CEO da Paketá, havia declarado ao portal Fintechs Brasil, em entrevista em novembro, pouco antes de receber investimentos, que não estava em busca de aportes, e que queria crescer lentamente, como um “camelo”. Mas não resistiu à oferta.