Empreendedoras

Uma aventura à la Thelma e Louise: duas amigas caem na estrada conhecendo o empreendedorismo feminino pelo mundo

Denise Ramiro

Se fosse um filme, a “aventura” corporativa de duas amigas poderia se chamar Taciana e Fernanda, uma analogia ao clássico Thelma e Louise, interpretadas por Geena Davis e Susan Sarandon. O filme de Ridley Scott, da década de 1990, conta a história de duas mulheres que se jogam no mundo, por vezes, literalmente. A publicitária Taciana Mello e a advogada Fernanda Moura também caíram na estrada por 15 meses e visitaram 24 países para descobrir os desafios que as mulheres enfrentam ao empreender nos cinco continentes do planeta.

Do Vale do Silício a Nova York e Chicago, nos Estados Unidos, do Chile a Cuba, da Noruega ao Japão, Austrália, Líbano, Jordânia e Brasil, entre muitos outros lugares, elas colheram muitas histórias e aprendizagens.

Descobriram, por exemplo, que em comum as empreendedoras são mulheres ambiciosas, independentemente do tamanho do negócio delas e de onde venham, sofrem com a falta de acesso ao capital, que elas lideram o empreendedorismo em alguns países, como as ruandesas, que desde o genocídio ocorrido no país africano em 1994 assumiram o sustento da família, já que milhares de homens perderam a vida na ocasião.

Taciana e Fernanda constataram também que os Estados Unidos são o país mais empreendedor do mundo; Israel tem a dificuldade de ter que nascer global; em Singapura a mulher não tem problema com investimentos, como as demais empreendedoras do mundo, mas sim de mercado pequeno; acompanharam o amadurecimento do empreendedorismo brasileiro na última década, mas ainda com um longo caminho pela frente.

Perceberam que nas economias onde o empreendedorismo está mais desenvolvido, crescem os grupos de apoio para as mulheres empreenderem. Conheceram mulheres que investem em projetos de mulheres, como é o caso do próprio projeto de Taciana e Fernanda que contou com capital próprio das duas e outros recursos vindos todos de parcerias com mulheres. O resultado do empreendimento foi o lançamento este ano do livro Do Jeito Delas – Histórias de Mulheres Empreendedoras no Mundo – e o documentário Girls on the Road – Do Nosso Jeito.

“É fundamental que mulheres invistam em mulheres, porque o acesso ao investimento é a principal dificuldade para qualquer empreendedor, em especial para as mulheres’, disse Taciana na última edição do Liderança Inclusiva, programa do líder de investimento anjo na Bossa Nova João Bezerra, em seu canal no Youtube.

Segundo ela, é um investimento estratégico. Conforme uma pesquisa da Mckinsey, se houvesse equidade do ponto de vista de gênero, seria acrescido ao PIB global US$ 12 trilhões até 2025.

Na ocasião, Taciana também deu duas dicas preciosas para as mulheres empreenderem melhor. Uma delas é pedir ajuda. “Costumamos proteger, esconder um novo negócio. Pois eu sugiro que se busque a crítica, as conversas, para ver o quanto o seu projeto tem de aderência. E que vá atrás, as pessoas estão mais dispostas a ajudar do que a dizer não”, afirma a publicitária.

A outra dica de Taciana é aprender a lidar com o risco. Segundo ela, quando se avalia um negócio, mede-se o risco bom e o ruim. “O risco é parte inerente do processo de empreendedorismo. Não é fácil, o risco faz parte, e tem que trazê-lo para o negócio”, atesta.

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