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Greenpass entra no negócio de carteiras digitais – com uma camada extra, a de serviços de mobilidade

Atualizado às 18h18 com informações do concorrente Sem Parar

A Greenpass, startup de mobilidade dona da Taggy (uma das primeiras tags de pedágio white label do país), está entrando em um novo negócio: carteira digital white label. “White label” é o nome que se dá a toda plataforma que apesar de seguir um padrão, pode ser customizada para que cada cliente possa, literalmente, “chamar de seu” o produto ou serviço. Ok, muita gente no mercado já faz isso por aí, transformando qualquer um em uma fintech, por exemplo. Mas a Greenpass aposta em um “plus a mais”: serviços de mobilidade, que é exatamente do que a start up mais entende.

E o negócio começou bem. Depois de lançar, na semana passada, um produto voltado exclusivamente para caminhoneiros em parceria com a Mastercard, a Greenpass vai anunciar, em breve, a conquista de mais um setor. Carlo Andrey Gonçalves, diretor de operações (COO) e cofundador da Greenpass, ainda não pode revelar o nome da empresa contratante, mas adiantou que é da área de concessões rodoviárias.

Batizada de Greenpass Wally, a carteira digital multisserviços (com produtos financeiros e de mobilidade embarcados) pode ser customizada de acordo com as necessidades do cliente, inclusive no aspecto visual. Seus clientes em potencial são, a princípio, todas as empresas não financeiras que vêem na oferta de um módulo de finanças dentro de seus aplicativos um recurso a mais para fidelizar e rentabilizar seus clientes finais.

Gonçalves aposta que o duplo apelo, mais o fato de ser uma solução padronizada e customizável vai fazer a Greenpass Wally conquistar o mercado rapidamente. “Finanças e mobilidade – seja estacionar, abastecer, licenciar ou consertar carro e pagar pedágio, assim como usar bike, ônibus ou avião – fazem parte do dia a dia de todo mundo”, diz.

A Greenpass Wally oferece, além de serviços de conta corrente como PIX, TED, também o pagamento de pedágio, por exemplo. O cliente abastece a carteira e faz os pagamentos – e as receitas obtidas com o uso da carteira pelo cliente são divididas entre a Greenpass e o cliente. Segundo o COO, o prazo para implantação é menor do que a média de mercado, em torno de 60 dias.

Mobby Hub

Além da carteira digital, a Greenpass também desenvolveu uma solução de marketplace de mobilidade que pode ser contratado por bancos e fintechs para agregar mais uma jornada aos seus aplicativos.

“As fintechs estão à beira de um caos tecnológico no seu dia a dia, precisando cada vez mais fazer integração com tudo e todo mundo”, diz Gonçalves. “Nosso marketplace surge para ajudar a resolver esse gargalo”.

O Mobby Hub disponibiliza diversos serviços de mobilidade para as instituições financeiras, também no modelo white label, através de uma integração única, “simplificando a operação e gerando alta relevância e recorrência para seus meios de pagamento”, explica. O marketplace já tem quatro parceiros âncora: Shell (abastecimento), Zapay (parcelamento de licenciamento e multas), Tempo Assist (de assistência veicular), a própria Taggy – e está em estágio final de negociação com a Uber e outros dois. “Podemos acoplar qualquer prestador de serviço de mobilidade que nosso cliente quiser no seu marketplace de mobilidade”, diz.

“O conceito de marketplace está bombando, fazendo muito sucesso no Brasil recentemente – mas não existia nenhum focado em mobilidade até agora”, afirma o COO. Para ele, esta é uma tendência que logo será abraçada por outras verticais de negócios, como saúde, logística, e educação, por exemplo. “Cada vez mais vão surgir plataformas de relacionamento focadas nas jornadas dos usuários, flexíveis e personalizáveis”.

De pedágio a caminhões

A recém lançada carteira Greenpass Flow é destinada a empresas que fazem pagamentos de fretes e embarcadores. Para o caminhoneiro, a Flow oferece tudo em um só lugar: pagamento de frete e vale-pedágio, cartão Mastercard, serviços financeiros como PIX e pagamento de boletos, recarga de celular, tag de pedágio, crédito para antecipação de recebíveis e serviços de mobilidade, como abastecimento, assistência ao veículo e financiamento de multas. Segundo a Greenpass, o mercado de frete movimenta hoje cerca de R$ 200 bilhões por ano.

Gonçalves e seu sócio João Cumerlato participaram da criação da ConectCar quando estavam na Odebrecht há cerca de dez anos – foi o primeiro competidor a desafiar a Sem Parar em tags de pedágio, mercado estimado em mais de R$ 20 bilhões por ano. Cinco anos depois, já fora da construtora, criaram a Greenpass – o primeiro produto foi a Taggy, tag de pedágio white label que acabou ajudando fintechs a entrarem no negócio com uma tag pra chamar de sua. Sem cobrança de mensalidade, a ideia foi tão bem aceita que até bancos grandes como o Itaú entraram nessa. Hoje, a Taggy é customizada para mais de dez clientes. A Greenpass tem ainda o Parky, plataforma white label para pagamento digital de estacionamentos.

Sem Parar se “reinventa”

A concorrente que foi desafiada há dez anos pela ConectCar também vai além de entrar no negócio de pagamentos. Em entrevista à Bloomberg Línea, Carlos Gazaffi, CEO da divisão B2C da Sem Parar, disse que a estratégia é se reinventar como empresa de pagamentos. O mercado endereçável da Sem Parar é o parque de 60 milhões de veículos de passeio que existem no Brasil

A empresa vai investir R$ 200 milhões no avanço de seu portfólio de serviços nos próximos 12 meses, em uma estratégia pautada por inovação tecnológica.

Criada há 20 anos, a Sem Parar introduziu pagamentos automáticos de pedágio no Brasil e está presente em todas as praças do país. Adquirida pela multinacional norte-americana de pagamentos Fleetcor em 2016, ampliou sua atuação em suas divisões B2B, dedicada à provisão de serviços como gestão de frotas e a operação B2C, que atende mais de 6 milhões de consumidores finais.

Conta99 rende 100% do CDI para os motoristas

Carteiras digitais para públicos específicos não são exatamente uma novidade. A plataforma 99 foi uma das pioneiras no lançamento de uma conta exclusiva para os motoristas parceiros, que, segundo a empresa, “garante mais autonomia e melhor planejamento financeiro”- o recebimento pelas corridas via cartão de crédito, débito, saldo da 99Pay ou vouchers, é feito em até 24 horas (anteriormente, o motorista recebia por transferência bancária uma vez por semana).

A carteira digital Conta99 também oferece a opção de transferência de valores para outra conta bancária a qualquer dia da semana, além de pagamentos de boletos. Importante observar que a nova lucratividade na Conta99 está inicialmente limitada a saldos de até R﹩ 3 mil.

A Conta99 oferece a opção de aplicar o saldo com uma taxa equivalente à do CDI. “A lucratividade do saldo permite que o motorista veja seu dinheiro aumentar diariamente, contribuindo para que seus ganhos tenham uma proteção extra diante da escalada da inflação”, explica Gabriel Reginato, Diretor de Operações de Payments da 99.

O lançamento soma-se a outros que a empresa fez neste ano para os motoristas. Ainda no primeiro semestre, a Conta99 ganhou um cartão virtual que permite compras pela internet, o que não era possível com o cartão físico.

Em abril, a Loja99, um marketplace de descontos em empresas parceiras voltadas aos condutores, foi ampliada. A plataforma de benefícios está disponível em todo o Brasil e traz uma série de facilidades exclusivamente aos motoristas parceiros da empresa.

A novidade permite mais economia e praticidade, facilitando o acesso a dezenas de vantagens e descontos em empresas parceiras. Dentre as condições especiais oferecidas, o motorista parceiro da 99 encontra descontos em locadoras de carro, operadoras de celular, compra de smartphones, assistência 24h e desconto de 10% no valor do combustível nos postos com a bandeira Shell.