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Papéis do Nubank terminam o pregão de estreia em forte alta; banco digital é a terceira empresa mais valiosa da A. Latina

O Nubank estreiou na bolsa em grande estilo: os papéis cotados inicialmente a US$ 9 em Nova York terminaram o dia em US$ 10,33; e os recibos das ações (BDRs) negociados aqui na B3 subiram ainda mais, 20%, atingindo R$ 10,04. Em menos de 24 horas, o banco digital passou de quarta para terceira empresa mais valiosa da América Latina, com valor de mercado acima de US$ 50 bilhões. À frente do banco, só Petrobras e Vale.

Amanhã o “roxinho”, como gosta de ser chamado, vai tocar o sino na B3 e a noite, transmite ao vivo, pela internet, um show da Anitta, misto de conselheira e garota propaganda do banco.

Segundo o Nubank, aproximadamente 815 mil pessoas decidiram investir em seus BDRs, tornando este um dos maiores IPOs do mundo em número de investidores. No Brasil, é o maior IPO em investidores de varejo.

E cerca de 7,5 milhões de pessoas aceitaram um BDR sem custos pelo NuSócios, um programa de educação financeira com potencial de incluir milhões de brasileiros na Bolsa durante os próximos 12 meses.

“O IPO irá aumentar nossa capacidade de inovar, crescer e trazer melhores produtos para ainda mais clientes. É mais um passo na jornada de democratizar o acesso aos serviços financeiros. Esse é apenas o começo”, disse em nota David Vélez, CEO e co-fundador do Nubank. “A gente nunca teve dúvidas de que os clientes são os verdadeiros responsáveis pelo nosso sucesso. Compartilhar esse momento com eles, seja de forma virtual ou presencialmente com alguns deles na B3, é uma alegria para nós”, completou a sócia, Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank. Ambos saem desse IPO US$ 8,9 bilhões e US$ 1,3 bilhão mais ricos.

O que acham os analistas

Para um valuation desse tamanho, o time do BTG indica que o Nubank precisaria entregar um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 30% em cinco anos. Atualmente, o banco digital entrega um ROE em torno de 20%. Para efeito comparativo, o Itaú entrega 19%.

Outros analistas pontuam que para um valor de mercado desses e e um P/L (Preço/Lucro) histórico da bolsa de 15x, significa que a fintech precisaria entregar um lucro de US$ 3,3 bilhões.

Já Thiago Lobão, da Catarina Capital, gestora brasileira focada 100% em techs, e que participou do IPO do NuBank, está mais animado, e lista cinco motivo para ancorar a tese de que o IPO do Nubank vale a pena: 1) entre os investidores estrangeiros que estão ancorando a oferta, muitos são referência em investimentos em tecnologia nos EUA, com destaque a nomes como a Sequoia Capital (um dos maiores venture capitalists do mundo, liderado por Doug Leone) e Warren Buffet.
2- os analistas locais comparam o Nubank com Itaú – um grande gerador de caixa como banco, mas não uma empresa disruptiva frente às práticas e tecnologias que são adotadas pelos bancos hoje, o que o Nubank propõe transformar, já com resultados reais e bastante expressivos de tração de usuários; 3- os estrangeiros veem o Nubank como o líder global no segmento de neobanks, um banco nativo digital, seja na aquisição de clientes com alta eficiência de marketing de conteúdo, seja no desenvolvimento proprietário de uma nova arquitetura para os processos bancários, inclusive desenvolvendo sua própria linguagem de programação interna – trata-se de um modelo disruptivo de uma empresa que é muito mais tech do que apenas banco. Fora seu aspecto de internacionalização no core mindset, iniciativas na Al, potencial na Índia, entre outros; 4- a comparação precisa ser feita com outras fintechs globais de alto potencial de crescimento, como Square, Affirm, Upstart, Paysafe e até Paypal (fintech “jurássica”, se entendermos a velocidade extremamente acelerada de transformação do mercado de serviços financeiros digitais; por fim, 5 – diferenciais competitivos que vão desde o potencial de tração e de plugar rapidamente novas verticais de negócios, engajamento da base – ação de marketing com BDR para clientes no IPO pode fazer da antiga Easynvest, que virou seu braço de investimentos, a maior do país em volume de clientes individuais se engajar ao menos 10% da base de clientes do Nubank no programa NuSocios, por exemplo.