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Open Banking completa um ano com 231 milhões de interações e 3,3 milhões de consentimentos para o compartilhamento de dados

Neste primeiro ano de Open Banking completados no último dia 1/2, já foram registradas 231,1 milhões de chamadas bem-sucedidas entre os participantes para o compartilhamento de dados, que deverão aumentar gradativamente ao longo dos próximos anos. O dado é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Até o fim de janeiro, o Banco Central (BC) contabilizava 3,3 milhões de consentimentos para compartilhamento de dados. A estimativa da FCamara, de desenvolvimento de soluções digitais é de que o compartilhamento de dados pelo sistema alcance 5 milhões de pessoas em 2022.

A nova etapa do Open Banking começa em 15 de fevereiro de 2022, quando será possível realizar pagamentos com TED e transferência entre contas na mesma instituição. Em seguida, teremos pagamentos com boletos via Open Banking, programado para ter início em 30 de junho, e pagamentos com débito em conta, com inauguração prevista para 30 de setembro de 2022, segundo o Banco Central. Essas etapas são subdivisões da última fase, que começou em 15 de dezembro, e marcam a transição para o Open Finance.

lista completa das instituições participantes está disponível no portal desenvolvido pela Estrutura de Governança do Open Banking Brasil. 

Termômetros

Entre aqueles que possuem celular e têm contas em bancos, 65% estão dispostos a compartilhar dados em troca de melhores taxas atreladas a um serviço contratado. É o que indica uma pesquisa, divulgada primeiramente pelo Valor Investe, realizada pela plataforma Quanto, em parceria com a Aster Capital. Pesquisa da consultoria americana Bain & Company divulgada em dezembro mostra que a adesão ao open banking ainda esbarra na falta de informação. Conforme a sondagem, só 14% dos brasileiros sabiam o que era open banking entre julho e setembro, embora quase a metade dos cerca de 8.500 participantes já tinha ouvido falar sobre a medida.

A Febraban avalia que o trabalho realizado no primeiro ano de implementação do Open Finance no Brasil está dentro do esperado pelas instituições, dada a complexidade do projeto, que passou por ajustes em seu calendário, necessários dentro de uma infraestrutura dessa magnitude e em execuções dessa dimensão, sejam regulatórias ou de natureza privada.

“O Open Finance está no centro dos trabalhos técnicos da Febraban e apresenta desafios enormes, principalmente com relação ao cronograma proposto. O setor bancário está contribuindo proativamente com a implantação do projeto no Brasil em um tempo recorde de implementação e com escopo maior do que o observado em outros países”, avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban.

Evolução

Conhecido inicialmente como Open Banking, o Open Finance representa uma expansão do novo modelo de serviço, que permite que os clientes solicitem o compartilhamento de seus dados pessoais, bancários e financeiros com terceiros, de forma segura e digital, mediante sua expressa autorização. Estas informações podem ser usadas para oferecer ao consumidor melhores ofertas de produtos e serviços personalizados e com melhores custos. Ele funciona no Brasil sob regulação e fiscalização do Banco Central. O sistema trabalha por meio de APIs (interfaces de programação de aplicações), que fazem a conexão entre as instituições participantes e permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada.

Com o Open Finance, por exemplo, o consumidor também poderá conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira, resultando em sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições de custos que melhor se adaptem à sua necessidade.

Quatro fases

O pontapé inicial da implementação do Open Finance foi dado em 1º de fevereiro do ano passado, com o compartilhamento de informações sobre seus canais de atendimento.

Nesta primeira fase também entraram os dados e as características sobre os produtos e serviços oferecidos, como, por exemplo, tipos de contas, empréstimos e financiamentos que cada um dos participantes oferece ao seu cliente.

A segunda fase do Open Banking foi implementada de forma escalonada e teve início em 13 de agosto. Em uma primeira etapa, as instituições começaram a iniciar as trocas de informações cadastrais dos clientes, como endereço, renda e dados pessoais. Depois, foi a vez da troca de informações relacionadas a contas de movimentação, seguido do intercâmbio de informações de operações de crédito e de cartões de crédito.

Caso o cliente autorize e dê seu consentimento, poderão ser compartilhadas entre instituições participantes as informações de cadastro (nome, endereço, CPF etc), bem como dados de movimentação financeira (informações sobre contas e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos). Na prática, a instituição que esteja recebendo as informações de cadastro e de movimentação financeira do cliente, após a sua autorização, poderá fazer propostas de crédito, investimentos e de serviços mais personalizados, e que tragam melhores condições de custos.

A terceira fase, em implementação desde 29 de outubro, permite que o cliente inicie pagamentos de contas e transferências bancárias fora do internet banking ou do aplicativo do banco, por meio de aplicativos específicos para este fim e com uma abrangência inicial de transferência por Pix. Os demais meios de pagamento serão implementados nos próximos meses.

Um modelo de negócio possível a partir desta fase pode aparecer no comércio eletrônico: por exemplo, ao comprar em um site de e-commerce será possível iniciar um pagamento ou uma transferência dentro do próprio site de vendas, sem precisar ter acesso ao aplicativo ou ao site do banco.

A quarta fase segue em desenvolvimento e ocorrerá em duas etapas: com o compartilhamento das informações de produtos e serviços ofertados dos demais dados financeiros, não envolvendo informações de clientes; e com as informações financeiras pessoais do usuário que envolvam câmbio, investimentos, seguros e previdência complementar ao longo desse ano.

O que é

Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente. Saiba mais aqui, no vídeo com João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central.