Opinião

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. E três vezes, cai? As fintechs que o digam!

Faz dois anos seguidos que o mercado brasileiro de fintechs vem desafiando a lei das probabilidades: afinal, dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar*. Mas, ao que tudo indica, vai cair pela terceira vez em 2022.

Este artigo foi publicado originalmente na plataforma de conteúdos Orbit, da Movile

Léa De Luca

Faz dois anos seguidos que o mercado brasileiro de fintechs vem desafiando a lei das probabilidades: afinal, dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar*. Mas, ao que tudo indica, vai cair pela terceira vez em 2022.

Mas, calma! Estamos falando de um raio do bem! Depois de atrair US$ 3,7 bilhões em 2021 – o dobro do registrado em 2020 -, parece mesmo que as fintechs vão repetir a dose neste ano.

De fato, 2022 começou bem movimentado, com muitas contratações, lançamentos e investimentos.

Na semana passada, cinco especialistas contaram ao portal Fintechs Brasil porque acreditam na resiliência das fintechs, apesar do cenário desafiador que se desenha à nossa frente – juros e inflação em alta, corrida eleitoral… Para eles, liquidez internacional e o terreno ainda fértil e ávido por inovações financeiras aqui no nosso país são a ‘tempestade perfeita’ para manter as fintechs bombando.

Temos novos marcos legais – no câmbio e nas garantias de empréstimos – o real digital, a ampliação do Open Banking, fundos de pensão começando a investir em fintechs, e alguns outros vetores que concorrem para tornar o cenário mais uma vez favorável.

Para não pecar por excesso de otimismo, faço um contraponto: ainda falta um tanto para que mais fintechs brasileiras se tornem de fato globais. Temos três ou quatro que cumprem esse papel, enquanto assistimos a uma invasão das alemãs, latinas, israelenses e, claro, americanas. Mas a gente chega lá!

Fermento

Aliás, tem gente tentando criar essas fintechs globais por aqui, em três frentes distintas: incubando e acelerando; aportando recursos; e por meio de M&As. Isso, claro, sem falar nos IPOs, quando as próprias fintechs já se sentem fortes o suficiente para levar sua tese ao mercado de forma ampla, geral e (quase sempre) irrestrita.

No primeiro mês do ano de 2022, pelo menos seis novas rodadas de programas de aceleração e/ou investimentos foram anunciadas: Endeavor (que incluiu fintechs como uma das prioridades do seu Scale Up pela primeira vez), Banrisul (que lançou duas linhas de financiamento para startups), Sicredi (com um portal de desafios),Tecban/FCJ Ventures, Orange Ventures (do grupo FCamara) e o Banco do Brasil com dois novos fundos de corporate venture capital.

Em paralelo, cinco aquisições foram noticiadas no mesmo período: XP comprou o Modal, 2TM, uma parte da portuguesa Criptoloja, Mercado Livre, da 2TM, BV do S3 Bank e Stark da Capitalz.

Aportes também não faltaram em janeiro. A Movile, por exemplo, liderou rodada de R$ 92,8 milhões na a55, e a Creditas levantou US$ 260 milhões, entre outras operações.

Nesse andar da carruagem, ops, do foguete, logo logo teremos nossas Big(fin)Techs globais.

*Na verdade cai sim, embora seja bem raro! Bom, o mesmo raio não, mas outro raio pode cair. :))

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