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Criptomoedas são a nova 'live": CEO da Dynasty vê paralelo entre guerra na Ucrânia e Covid19

A guerra imposta pela Rússia em território da Ucrânia pode servir como espécie de estopim, ampliando a adesão e uso de criptomoedas e acelerando a expansão desse mercado. A análise é do fundador e CEO da Dynasty Global, Eduardo Carvalho, empreendedor que atua no mercado cripto desde 2016.

Para o executivo, a invasão da Ucrânia pelo exército russo pode produzir um efeito para as criptomoedas parecido com o que houve com as plataformas de videoconferência devido à pandemia do Covid-19. “Essas tecnologias já existiam, mas a utilização explodiu com o isolamento para evitar o coronavírus. Organizadores de eventos e até as emissoras de televisão, que não utilizavam essas plataformas por entender que eram instáveis, ou não tinham qualidade ideal de som e imagens, agora usam normalmente.”

A procura por criptomoedas devido à guerra também provocou valorização de algumas moedas, particularmente a mais usada, o Bitcoin. “Não dá para afirmar que se trata de uma corrida às criptomoedas, mas podemos dizer que pessoas que já tinham conhecimento delas, mas ainda não haviam decidido investir, podem agora estar entrando nesse mercado”.

Criptomoedas e internet

Para Carvalho, o mercado global de criptomoedas está hoje, em termos de usuários, no mesmo patamar em que estava a internet em 1998. Ele entende que a adoção nos próximos anos será natural, como ocorreu com a internet.

“Com o tempo, as pessoas estarão transacionando com criptomoedas em seu dia-a-dia, como hoje acontece com inúmeras atividades que envolvem a internet e as pessoas nem pensam nisso”, concluiu.

“Criptomoedas são ativos de diversificação para investidores, funcionam como proteção contra cenários como a guerra na Ucrânia e por isso, agora estão mais demandados. Transações com criptomoedas independem de uma terceira parte ou instituição para ser completadas. Essa independência é uma característica importante das criptos e com a tecnologia Blockchain, as transações são 100% rastreáveis do início ao fim, o que nem sempre é possível com moedas convencionais”, explica Carvalho.

Grandes corretoras globais de criptomoedas, entre elas a Binance e Coinbase, estão sendo cobradas para que bloqueiem todas as contas de clientes russos para impedir que consigam driblar as sanções econômicas impostas ao país. Um dos pedidos veio do governo da Ucrânia, mas por enquanto, as corretoras só estão bloqueando as contas de indivíduos citados nas sanções. Ambas inclusive já anunciaram sua entrada no Brasil.

Via de mão dupla

“Alguns russos podem estar utilizando esse caminho para driblar as sanções, mas ao mesmo tempo muitos cidadãos russos que não estão de acordo com o que o seu governo está fazendo não perderam o controle de seus ativos. É preciso lembrar que essa é uma via de duas mãos.

Criptomoedas também estão sendo utilizadas mundialmente para fazer com que doações e apoios cheguem à Ucrânia. Até quarta-feira (02/03) mais de US$ 16 milhões já haviam chegado ao país dessa forma e o total segue crescendo,” acrescentou o CEO da Dynasty.

Carvalho lembra que um eventual bloqueio de todos os usuários de um único país não vai, necessariamente, punir os responsáveis ou apoiadores das ações da Rússia na Ucrânia.

“É provável que grandes investidores se prepararam para a possibilidade de sanções mais amplas e anteciparam a movimentação de seus investimentos para fora do país, fazendo ou não uso de criptomoedas”.

A Dynasty tem sede na Suíça em região conhecida como ‘Crypto Valley’, notório pelas exigências e fortes restrições impostas a empresas desse setor que ali se estabelecem.