Opinião

2022: O ano dos bancos invisíveis - Victor Pego/Temenos


Victor Pego*

O mundo atual passa por uma revolução digital que impacta todos os segmentos da sociedade e dos negócios. E, depois de entrarmos na era “tieless”, ou seja, dos “bancos sem gravata”, confirmada por meio de uma série de pesquisas realizada pela Temenos, em que vimos que  um em cada dez brasileiros (88,3%) descreveu-se como cliente bancário “totalmente” ou “predominantemente” online, enquanto quase um terço (32,5%) disse usar a internet como sua fonte de informação principal ao escolher um novo banco, 2022 será, sem dúvidas, o ano dos bancos invisíveis.

O número de brasileiros bancarizados chegou a 182,2 milhões em dezembro de 2021, segundo dados do Banco Central. Ou seja, aumentou 10,3% em comparação com fevereiro de 2020, antes da pandemia do novo coronavírus. Em quantidade de pessoas, foram 16,6 milhões que se tornaram clientes das instituições financeiras no período. O levantamento considera os relacionamentos ativos com o sistema financeiro.

Diante deste cenário, os bancos invisíveis surgem como a principal tendência para o ano de 2022. Mas o que isso quer dizer? Que basicamente todos podem se transformar num banco, de grandes empresas, como varejistas, até mesmo pequenos negócios.  A partir do momento em que todos podem oferecer empréstimos ou plataformas para comprar agora e pagar depois – (como já temos na Temenos), passam a ser bancos invisíveis. Vai chegar a  hora em que até mesmo pequenos negócios, como uma padaria ou uma loja de colchões poderão fazer uma parceria com simulação de uma fintech e oferecer empréstimo com garantias, até mesmo do FGTS.

Por um lado, o cliente poderá  ampliar seu poder de compra caso ele tenha um limite baixo no seu cartão de crédito, podendo comprar um smartphone de última geração. E a pessoa física também terá chance de “virar um banco”. A própria Apple afirmou que vai lançar uma funcionalidade de cartão de crédito e débito para poder receber pagamentos, funcionando como uma maquininha de pagamentos. Isso só comprova que todos, de forma democrática, sejam pessoas jurídicas ou físicas, poderão ser protagonistas desta nova era de bancos invisíveis.

Por outro lado, as agências reguladoras bancárias já anunciaram que irão mudar a forma de exigência aplicada às fintechs. Com isso, haverá uma maior consolidação do mercado em si, onde fintechs poderão se unir aos grandes bancos para dividir condições reguladoras semelhantes.

E, por fim, nesta nova era de bancos invisíveis, haverá uma disputa maior por profissionais qualificados. Se as empresas não se atentarem para o fato de que muitos profissionais  de TI, que agora trabalham  em home office e ganham  seus salários em dólar, sofrerão pressão ainda maior sobre eles.

Hoje, os grandes players bancários buscam comprar produtos prontos e diminuir o número de colaboradores, mas para que haja uma retenção de talentos, pois toda companhia deve ter os seus, será necessário pensar fora da caixa e integrar esse novo momento em que, até os prédios dos grandes bancos, tornam-se inabitados. Com isso, muitos novos modelos de negócios irão surgir e nós, brasileiros, alimentamos essa tendência pelo nosso perfil inovador e vanguardista. O mundo digital está aí. Só resta saber quem estará apto a viver nessa nova “Matrix” bancária.

*Gerente de novos negócios para a Temenos Brasil