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Apesar da pandemia, volume de ofertas públicas ultrapassa R$ 750 bilhões em 2021 no Brasil - quase o dobro do que em 2020

O volume total de ofertas públicas ultrapassou R$ 750 bilhões em 2021 no Brasil, 80% a mais do que em 2020. Desse total, mais da metade foram de ações. Foram concedidos 116 registros de companhias abertas e dois registros de companhias estrangeiras, 127% a mais do que no ano anterior. Houve aumento de 15% no número de companhias abertas com o registro ativo, atingindo 773 – o maior número nos últimos cinco anos, a despeito dos cancelamentos de registros ocorridos.

O Relatório de Gestão 2021  foi divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no último dia de março.

Segundo a autarquia, “as transformações iniciadas em 2020, em decorrência da pandemia de Covid-19, foram consolidadas no ano de 2021 com o ‘novo normal’. Em meio às adaptações e desafios, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentou respostas às demandas que surgiram, de modo a mitigar eventuais impactos do cenário pandêmico no crescimento do mercado de capitais”.

Um dos principais marcos para o mercado de capitais no ano de 2021, ressaltado pelo presidente da CVM, foi a edição da Medida Provisória 1.072, que reestruturou todo o regime da taxa de fiscalização aplicável aos regulados da instituição. “Entre as melhorias, destaca-se o melhor atendimento ao princípio da capacidade contributiva, com redução da carga tributária para os regulados e participantes de menor porte e aumento para aqueles de maior porte”, explicou Marcelo Barbosa.

O relatório da CVM destacou, ainda, os seguintes pontos:

  • a publicação da regulamentação provisória dos novos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (FIAGRO);
  • as alterações substanciais promovidas no regime informacional dos emissores;
  • o marco regulatório das companhias securitizadoras; e
  • a consulta pública para novo marco regulatório para os Agentes Autônomos de Investimento.

Outro ponto relevante, segundo a CVM, foi o aumento no número total de investidores pessoas físicas na Bolsa de Valores. Somente no segmento de renda variável, esse número passou de 3,1 milhões, em 2020, para 4,2 milhões em 2021. E os números são ainda mais expressivos quando comparados aos 800 mil investidores registrados ao final de 2018.

Perspectivas para 2022

Com as taxas de juros básicas mais altas, inflação maior e crescimento menor, alguns dos temas que devem nortear a atuação da CVM são a maior utilização de modelos quantitativos para tomada de decisão e de novas tecnologias, além do desenvolvimento do mercado de dados alternativos (Alt-data), conforme observado também pelo Comitê de Riscos Emergentes (CRE) da IOSCO.

Outro tema que ganhou relevância no último exercício, e cujo movimento de crescimento deve continuar, é a agenda Environmental, Social and Governance (ESG), que tem atraído um número cada vez maior de projetos e investidores interessados.

“A importância das mídias sociais no mercado de valores mobiliários deve permanecer em alta, e vai demandar atençãoL diz a nota publicada no site da CVM.