Fintechs

Itaú aposta R$ 1,1 bi na Totvs Techfin, em mais um movimento para "construir" seu DNA digital, em meio à emergência das fintechs

O Itaú assinou acordo para comprar, por mais de R$ 1 bilhão, metade da Totvs Techfin – vertical de fintechs da empresa de tecnologia Totvs. A joint venture terá como foco a distribuição de serviços financeiros integrados aos sistemas de gestão da Totvs, baseados em inteligência de dados e voltados para empresas e toda a sua cadeia de fornecedores, clientes e funcionários.

Pela participação, o Itaú Unibanco pagará R$ 610 milhões e, como preço complementar (earn-out), pagará até R$ 450 milhões após cinco anos mediante o atingimento de metas alinhadas aos objetivos de crescimento e performance. Ou seja,é uma aposta de R$ 1,06 bilhão.

A concretização da operação está sujeita à aprovação dos órgãos reguladores, mas a reação do mercado foi positiva: as ações da Totvs fecharam em alta de quase 2% no dia do anúncio, e as do Itaú, de 0,3%. No ano, até 13/4, a Totvs já se valorizou mais de 32% e o Itaú, 22%.

O Itaú não tem poupado esforços, marketing nem muito menos recursos para avançar na “construção” de um DNA digital e enfrentar a emergência das fintechs e neobancos. A Totvs, por sua vez, havia travado em 2020 uma batalha com a Stone para comprar a Linx – que perdeu; em julho do ano passado, sua divisão de infraestrutura para o mercado financeiro criou a Dimensa com a B3. De lá para cá, vem fazendo aquisição atrás de aquisição.

Como diria Brett King, futurista australiano, considerado o “avô” das fintechs, autor de vários best sellers, além de cofundador e CEO da Moven (uma startup de banco móvel com sede em Nova York):

Golpe de mestre game changer

“Foi um lance de mestre de ambos. Essa combinação de forças pode impulsionar muito o segmento de serviços financeiros para empresas (segmento B2B), hoje bastante atrasado e carente. E, portanto, uma grande oportunidade por ser ainda um mar azul. É também uma possibilidade prática de ver o Open Finance funcionando bem nesse segmento, que pode avançar várias casinhas nesse jogo”, diz Boanerges Ramos Freire, CEO da consultoria Boanerges & Cia.

“Eu não poderia ser mais enfático em dizer que esse é um dos movimentos recentes mais significativos por parte de uma instituição financeira tradicional em direção à nova arena competitiva para a qual o mercado PJ se transportou. Esse movimento é um game changer na prestação de serviços financeiros para empresas e um importante passo no desenvolvimento de iniciativas de ERP Banking e Contextual Banking daqui por diante no país”, escreveu o especialilsta Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem, em uma rede social.

O acordo estabelece que o Itaú Unibanco passa a ser sócio da operação por meio do compromisso de funding para as operações atuais e futuras; expertise de crédito e desenvolvimento de novos produtos financeiros; e aportes financeiros.

O Itaú vai oferecer aos clientes da Totvs produtos financeiros, como crédito, cash management, antecipação e outros, “aliando o uso inteligente dos dados para melhores condições e uma experiência única de contratação e uso”, disseram as empresas, em nota. Ao longo do tempo, serão agregados outros produtos e serviços que permitirão aos clientes da Totvs ter ao seu dispor um ecossistema financeiro completo para operações do dia a dia.

“As oportunidades de criação de soluções inéditas a partir desta iniciativa certamente representarão disrupções em favor dos clientes. Ficaremos na vanguarda da transformação digital das indústrias nas quais atuamos”, diz, também em nota, Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco.

“A expertise do Itaú aliada à tecnologia e aos dados da Totvs é uma combinação extraordinária para nossa ambição de democratizar serviços financeiros para as empresas brasileiras. Entendemos que o roadmap que vislumbramos no início da nossa jornada Techfin será antecipado, e o nosso horizonte certamente foi ampliado”, afirma Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs.