Opinião

Com o Open Banking, chegou a hora e a vez dos nichos - Rogério Melfi/TecBan

Rogério Melfi*

Nem todos sabem, mas a entrada em todos os escopos do Open Finance é opcional para os bancos; mas a adesão a esse movimento pode promover uma transformação muito positiva na relação entre cliente e instituição financeira, além de trazer vantagens para ambos. 

Por si só, o próprio procedimento de entrada no Open Finance – que inclui Open Banking e Open Insurance – já agrega mais transparência a essa convivência, uma vez que esse tipo de transação possibilita que o cliente tenha total noção sobre quais de suas informações pessoais estão em poder da instituição financeira e como essa organização pode utilizar esses dados. Dessa forma, os dois lados estão cientes e seguros dos seus papeis na transação; com essa confiança criada, vai sendo estabelecida também no cliente a cultura do compartilhamento de suas informações.

Como tudo que é novo, Open Finance vai ganhando seu espaço conforme as pessoas assimilam sua relevância. Para o brasileiro, o hábito de compartilhar sua vida não é algo novo e nem estranho, já que somos a terceira população mais atuante em redes sociais no mundo, segundo dados da Hootsuit – sistema norte-americano especializado em gestão de marcas na mídia social – e WeAreSocial – agência criativa focada em gestão de redes sociais. E esse comportamento é ainda maior se houver algum tipo de recompensa. No caso do compartilhamento de dados, o indivíduo pode ter diversas vantagens.

Cito como resultados mais tangíveis de todo esse processo, e algo que vejo como uma tendência, o crescimento de produtos customizados e de instituições de nicho. E não demora para que isso seja uma realidade, já que os bancos podem focar no tipo de cliente que querem atrair e, assim, criar soluções personalizadas para um determinado perfil.

Na TecBan, estamos nos dedicando em apoiar as instituições financeiras a identificar novas oportunidades, pois percebemos que há um enorme potencial de negócio inexplorado, uma vez que existem milhares de pessoas que precisam de uma inteligência específica trabalhando a favor delas.

Um exemplo de pessoas que podem ser beneficiadas por essa inteligência específica são os motoristas de aplicativo. Essas pessoas possuem uma renda variável, sazonal e com recebimento diferenciado e, por essas particularidades, podem buscar dos bancos um atendimento mais segmentado. Pensar em soluções que os atendam será um grande desafio, mas também ganhos com a oportunidade de impactar e atrair novos clientes.

Ainda há muito a acontecer para a atingirmos um ponto alto da evolução do sistema de Open Finance no Brasil. Estamos apenas começando a desbravar esse universo cheio de possibilidades; aculturar pessoas é um processo construtivo, que leva tempo e demanda dedicação, mas vale a pena: somos um povo aberto à inovação, ávido por benefícios, lançador de tendências e curioso por natureza.

*Gerente de Open Finance da TecBan