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Volt, o primeiro banco exclusivamente online da Austrália, fecha por dificuldade de levantar recursos

O Volt Bank, primeiro banco exclusivamente online a obter uma licença bancária australiana, vai fechar, devolver depósitos e vender sua carteira de hipotecas. O motivo? Dificuldade para levantar fundos suficientes para sustentar o negócio.

A reportagem é da Reuters e pode ser acessada na íntegra aqui.

O aumento da inflação e das taxas de juros neste ano tornou mais difícil para os bancos digitais competirem com os credores estabelecidos, tornando a captação de recursos muito mais difícil.

Embora as restrições da pandemia e da COVID-19 tenham desencadeado uma enorme demanda por empréstimos para habitação na Austrália, de outro lado o home office levou os bancos tradicionais a embarcar em uma “corrida armamentista digital”, diminuindo os tempos de aprovação de empréstimos e corroendo a vantagem competitiva dos neobanks.

“Consideramos todas as opções, mas, no final das contas, tomamos esta decisão pensando no melhor para nossos clientes”, disse o fundador e CEO do Volt, Steve Weston, em comunicado.

O Volt tinha A$ 113 milhões* (US$ 78 milhões) em depósitos e A$ 80 milhões em empréstimos para habitação em abril, segundo dados do governo australiano – uma pequena fração do mercado de hipotecas de A$ 3 trilhões. O Volt disse que nenhum cliente ficará na mão.

Há um ano, o Volt havia levantado A$ 85 milhões com o Australian Finance Group, que pagou A$ 15 milhões por uma participação de 8%. O Volt voltou ao mercado em fevereiro deste ano com a esperança de levantar outros A$ 200 milhões, disse uma pessoa com conhecimento dos planos à Reuters.

O fechamento também afeta os clientes da exchange de criptomoedas BTC Markets, para a qual o Volt concordou no ano passado em fornecer serviços bancários. Uma “quantidade muito limitada de fundos de clientes” estava com o Volt como parte de um teste, disse a BTC Markets em comunicado.

Interruptores interrompidos

O fracasso do Volt reflete uma pressão mais ampla sobre as startups em todo o mundo que assumiram o estabelecimento financeiro com promessas de despesas menores, retorno mais rápido e ofertas às quais os rivais tradicionais resistiram, como compre agora, pague depois e processamento de criptomoedas.

Os desafiantes digitais têm lutado para entrar no mercado bancário convencional nos mercados desenvolvidos – onde a maioria dos países tem de três a cinco bancos controlando 80% a 90% dos depósitos de varejo – embora aqueles que se concentraram em nichos como transferências internacionais de baixo custo tenham se mostrado mais bem-sucedidos, disseram Zennon Kapron, CEO da consultoria fintech Kapronasia, com sede em Cingapura.

Na Austrália, apenas uma em cada cinco fintechs não tem planos de levantar capital este ano, um sinal de crescente competição por fundos de investidores, disse um relatório da KPMG publicado em 29/6.

“Muitos disruptores estão vendo seus modelos comprometidos porque as taxas de juros estão subindo”, disse Brian Johnson, analista bancário da Jefferies. “Eu acho que essa é uma tendência que veremos continuar acontecendo em todo o mundo.”

*US$ 1 = 1,4468 dólares australianos)