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Iniciador quer ser a plataforma ‘enabler’ dos iniciadores de pagamento - Finsiders

Você já deve ter passado por essa situação recentemente. Ao comprar um produto em um e-commerce e selecionar a opção de pagamento via Pix, é necessário usar o chamado “Pix Copia e Cola” ou copiar a chave Pix fornecida na hora do check-out, abrir o aplicativo do banco e fazer a transação. Seus problemas acabaram, ou melhor, estão prestes a acabar.

Isso porque o número de iniciadores de pagamento habilitados pelo Banco Central (BC) vem aumentando nos últimos meses. Hoje, são apenas seis instituições (Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Gerencianet, Itaú Unibanco e Mercado Pago) aptas a prover o serviço. Fintechs como Celcoin e Quanto já receberam autorização do regulador e estão na reta final para começar a operar.

Versão brasileira do Payment Initiation Service Provider (PISP), o iniciador de transação de pagamento (ITP) é uma instituição que, como o próprio nome deixa claro, pode iniciar uma transação de pagamento via Pix, a pedido do usuário e com o seu prévio consentimento.

Importante lembrar que o iniciador não detém os recursos transferidos na prestação do serviço, e o usuário sempre precisa autenticar e confirmar a transação para que ela seja, de fato, realizada.

Com o avanço na implementação e adoção do Open Finance, e o rápido sucesso do Pix como meio de pagamento preferido da população, a tendência é que a iniciação de pagamentos ganhe força, com uma quantidade maior de players dispostos a oferecer o serviço — sabe-se que há uma fila de empresas aguardando aprovação do BC para operar com a modalidade.

“Estamos no começo deste mercado que está na esteira de evolução do Pix”, disse em entrevista ao Finsiders Marcelo Martins, CEO e cofundador do Iniciador, fintech que acaba de chegar ao mercado e oferece uma plataforma SaaS, plug-and-play, para empresas que planejam se tornar iniciadoras de pagamento

“Resolvemos a tecnologia para instituições autorizadas a participar do Open Finance atuem com a modalidade de iniciação de pagamento”, diz o empreendedor, com exclusividade ao Finsiders.

Fundada em dezembro último, a fintech é liderada por Marcelo (ex-Swipe, StarPay e Moip, e hoje um dos diretores da ABFintechs) e Guilherme Decampo (ex-Astrocoders e atualmente membro do OpenID e do GT de especificações do Open Finance).

Para iniciar (com o perdão do trocadilho) a operação e construir a plataforma tecnológica, a empresa recebeu um aporte pre-seed feito por investidores de renome, como Andres Bilbao, cofundador da Rappi, e Edson Santos — um dos principais especialistas em pagamentos do país, ex-presidente da Global Payments no Brasil e ex-CFO da Redecard (atual Rede). O valor do cheque não foi revelado.

“A plataforma do Iniciador tem potencial de disrupção do ecossistema de pagamentos”, diz Edson, em comunicado. “Estamos falando de oportunidades reais para as empresas, permitindo que ofereçam a seus clientes uma gama mais ampla de soluções de pagamento, respondendo a necessidades cada vez maiores de simplicidade, velocidade e segurança.”

O negócio

O Iniciador construiu uma plataforma no modelo software as a service (SaaS), alinhada com a regulação do BC, principalmente do arranjo Pix e do diretório do Open Finance.

“Hoje, a grande dor para ser iniciador de pagamentos é tecnologia e integração. Nós oferecemos toda a parte de software, APIs e interface white-label”, explica Marcelo. A tecnologia é certificada pelo OpenID — fundação responsável pelo modelo e padrão de segurança do Open Finance.

Com foco em Open Payments, a solução do Iniciador já tem dois clientes em fase de integração. Por contrato, o empreendedor não pode abrir os nomes, mas diz que são “fintechs de médio porte”. O pipeline é grande. “Temos conversas com 15 a 20 empresas, algumas que não são instituições autorizadas ainda”, conta.

Na mira do Iniciador estão fintechs em geral, ERPs, e-commerces, entre outros perfis. “No final do dia, [nosso potencial cliente] é todo player que de alguma maneira precisa receber ou cobrar dinheiro”, diz Marcelo, citando que o tamanho da oportunidade para o Iniciador acompanha o crescimento na quantidade de transações via Pix. “Nosso mercado endereçável acaba sendo uma porcentagem das transações do Pix.”

No total, desde que o Pix foi lançado, em novembro/2020, já foram movimentados R$ 7,4 trilhões em 14 bilhões de transações, conforme dados do Banco Central (BC). O último recorde foi atingido em 6 de maio, quando foram registradas 73,2 milhões de operações num só dia. De acordo com a estatísticas do Pix, disponíveis no site do BC, o sistema de pagamentos instantâneos já tem mais de 130 milhões de usuários.

Marcelo cita, ainda, o sucesso do iniciador de pagamentos no Reino Unido, onde é chamado de PISP. Dados da Open Banking Implementation Entity (OBIE) apontam que a adesão à funcionalidade pelos usuários aumentou em 500% no último ano, sendo que somente no mês passado foram 5 milhões de pagamentos. “Lá, a entidade Crown Commercial Service, por exemplo, observou uma conversão de 46% nos pagamentos realizados por usuários que utilizaram o fluxo de iniciação”, diz o empreendedor.

Para os próximos meses, além de formar uma base de clientes utilizando a plataforma, o Iniciador prevê a criação de módulos conforme os casos de uso da iniciação de pagamentos que incluem, por exemplo, a experiência do cash-in e as cobranças de maneira geral.


Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins