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Acredite Bank estrutura FIDC de R$ 100 milhões e testa o primeiro marketplace exclusivamente de home equity do país

O advogado e empreendedor pernambucano Ulysses Verçosa atirou no que viu e acertou no que não viu. Ele e seu sócio, Henrique Mesquita, dividiam um escritório de advocacia em Recife quando decidiram abrir uma fintech de crédito consignado para trabalhadores do setor privado. Mas, meses depois veio a pandemia, e o mercado que parecia seguro virou arriscado do dia para a noite, com a onda de demissões – e os sócios decidiram desacelerar o negócio. Para a surpresa de ambos, porém, os empresários donos das empresas para as quais o Acredite Bank dava empréstimos consignados aos funcionários passaram a procurá-los em busca de crédito.

“Vimos que tínhamos uma oportunidade, mas diante da conjuntura arriscada em 2020, decidimos emprestar apenas com a contrapartida da garantia de imóvel”, explica Verçosa. O negócio deu tão certo que eles estão estruturando seu primeiro FIDC, prestes a lançar o primeiro marketplace brasileiro de home equity e já pensam em se juntar ao ecossistema de inovação da cidade, o festejado Porto Digital. “Faz todo sentido contar com essa consultoria nesse momento”.

“Já estamos negociando com alguns bancos a estrutura desse FIDC, que deve nascer com R$ 100 milhões”, adianta Verçosa, que é o CEO da fintech. O Acredite começou como securitizadora de créditos e chegou a realizar R$ 60 milhões em operações; em 2021, com a saída de dois sócios, fecharam a securitizadora e passaram por uma reestruturação societária. “Hoje, praticamente apenas intermediamos operações que chegam, mas com o FIDC passaremos a financiar uma parte e a distribuir outra no marketplace”, diz, informando que tem no pipeline cerca de R$ 600 milhões delas, de 300 propostas.

“Sabemos que outras fintechs, como Creditas e CashMe, já fazem home equity muito bem, mas ainda há espaço para outros players; esse mercado ainda é muito novo no Brasil. O Banco Central espera destravar R$ 400 bilhões em créditos com garantia em imóvel nos próximos dez anos, e o novo marco legal das garantias de empréstimos, aprovado pela Câmara em junho último, vai dar um novo gás a esse mercado”, lembra. Entre as novidades do novo marco legal, está a possibilidade de usar um imóvel como garantia de mais de um empréstimo; e uma maior facilidade para tomar o bem, mesmo que seja o único imóvel.

O marketplace do Acredite, que já está em fase de testes, deve entrar definitivamente em operação até o final do ano. “Creditas, CashMe e outros podem se interessar por negócios que não nos interessem, por exemplo – e vice-versa: podem apresentar condições mais favoráveis aos clientes. Haverá uma concorrência que deve baixar os juros e ajudar o home equity a deslanchar”, acredita. Nos EUA, esse mercado atingiu em junho o recorde de R$ 27,8 trilhões.

No marketplace, o cliente insere sua documentação e sua demanda e aguarda pelas ofertas. Verçosa diz que mais de 15 fundos podem oferecer home equity no novo marketplace – a plataforma se encarrega de fazer o “match” entre o perfil do cliente/imóvel e o perfil do investidor: “Cada um tem suas preferências e expertise. Assim, o cliente tem mais chance de conseguir o que quer e como quer”, diz. Hoje, o Acredite já faz esse “match” manualmente, uma vez que conhece o mercado e sabe quais fundos se interessariam por quais clientes, redirecionando os negócios. A ideia é ganhar escala para fazer automaticamente.

Verçosa acredita, ainda, que sua fintech tem como diferencial a especialização – e a capacidade de fazer qualquer negócio, até os mais desafiadores, que envolvam garantia de imóveis: “Só para dar um exemplo, recentemente conseguimos viabilizar um empréstimo baseado em um imóvel que estava no nome da empresa no Uruguai”, revela. Segundo ele, o Acredite tem a expertise para resolver questões próprias e especificas do negócio de home equity, “onde não há nenhum negócio igual ao outro”.

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