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Jeitto costura parcerias com redes de farmácias para financiar compras de remédios e prepara "flexibilização" das aprovações de crédito

Dario Palhares

Há cinco anos na estrada, a fintech paulista Jeitto segue firme em sua opção preferencial pelas classes C e D da população. Depois de garantir crédito para pagamentos de boletos e contas mensais e, a seguir, empréstimos pessoais a seus melhores clientes, a startup, que contabiliza 3 milhões de tomadores e um volume total de operações por volta de R$ 700 milhões, se prepara para ampliar o leque de serviços de seu aplicativo e agregar outros públicos ao seu portfólio.

“Vamos oferecer crédito a pequenos negócios e novas opções para nossa clientela-alvo, formada por autônomos e assalariados com renda familiar mensal de até R$ 4 mil”, diz o sócio-fundador Carlos Barros. “No segundo caso, estão previstas linhas atreladas a segmentos do comércio.”

A lista inclui, entre outros ramos, lojas de materiais de construção, escolas e farmácias. O varejo de remédios é a prioridade nº 1 da Jeitto, que, atendendo a pedidos de sua freguesia, costura no momento parcerias com algumas redes de drogarias nordestinas. “São constantes os relatos de usuários que, tendo de adquirir dois ou mais medicamentos, conseguem comprar apenas um”, diz Barros. “A proposta é dar-lhes condições de levar para casa tudo o que necessitam.”

Nos próximos meses, a fintech pretende também flexibilizar os serviços de crédito, facilitando reformatações de contratos, e turbinar suas operações, hoje próximas à marca de R$ 40 milhões mensais. A intenção é elevar em 20% a taxa de aprovação de novas linhas, mantendo a inadimplência no patamar atual, que, segundo Barros, não vem sofrendo efeitos da alta da Selic.

Para viabilizar esse salto, a Jeitto acaba de firmar contrato com a Klavi, plataforma de open banking especializada no processamento de dados financeiros. Criada há dois anos, a empresa, que está prestes a concluir uma rodada de captação junto a investidores, coloca seus sistemas à disposição de mais de 40 clientes, entre bancos, fintechs, seguradoras, assets e birôs de crédito.

Bruno Chan, Klavi

“Fornecemos relatórios customizados que consideram mais de 500 dados analíticos”, diz o CEO Bruno Chan. “Em startups com perfil semelhante ao da Jeitto, propiciamos elevações de até 50% na aprovação de crédito sem qualquer impacto negativo sobre as taxas de inadimplência.” Contando com o apoio da tecnologia da Klavi na retaguarda, a Jeitto faz projeções ousadas a médio prazo. A meta é chegar ao fim de 2023 com 6 milhões de clientes e um volume mensal de operações de R$ 60 milhões. Por conta disso, a casa, que tem como sócio o Banco Master, planeja diversificar suas fontes de funding, hoje concentradas em um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) próprio com ativos totais ao redor de R$ 254 milhões. “O nosso FIDC garantirá recursos durante a etapa inicial do processo de expansão. Mas já programamos o lançamento de um novo fundo e uma captação de recursos no próximo ano”, informa Barros.

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