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Gestão ativa, robôs e arbitragem ajudam fundo de criptos da gestora Titanium a se destacar em meio à maré baixa do Bitcoin

Dario Palhares

A forte queda dos criptpoativos, a partir de novembro de 2021, murchou a bola dos gestores de recursos que atuam no segmento. Todos os 19 fundos de investimento domésticos que carregam Bitcoin, Ethereum e Blockchain em suas denominações registravam desvalorizações na faixa de 1,67% a 56,67% ao longo dos últimos 12 meses, com um tombo médio da ordem de 34,86%.

Uma das raras exceções entre as carteiras ancoradas em ativos digitais disponíveis na praça é o Titanium Cripto Structure, um multimercado voltado ao mercado exterior, que acumulou em igual período um ganho de 23,66%, superando em folgados 14,23 pontos percentuais a variação do CDI. Uma façanha e tanto, considerando que 100% da sua carteira é composta por Bitcoins e Ethereuns, que amargam perdas de 39,14% e 34,81% desde o início de agosto de 2021.

Com R$ 56,41 milhões de patrimônio e 22 cotistas, o Cripto Structure, que está aberto para aplicações (a partir de R$ 10 mil), começou a rodar em abril de 2021. Depois de colher um resultado negativo de 3,26% nos três primeiros meses, o fundo se recuperou e passou a operar exclusivamente no azul, atingindo seus picos de rentabilidade – 2,55%, 2,32% e 2,25% – em agosto e dezembro de 2021 e julho último. O desempenho, explica Ayron Ferreira dos Santos, analista-chefe da Titanium Asset, é fruto da gestão ativa da carteira, que busca retornos superiores ao benchmark, no caso o CDI. “Com o auxílio de um robô e de tecnologias proprietárias, buscamos oportunidades de spreads”, diz ele. “Na prática, identificamos padrões e arbitramos ineficiências de mercado.”

A estratégia do Cripto Structure vai além da compra e venda de criptoativos no mercado à vista. O cardápio inclui também operações de hedge no mercado futuro e, por vezes, contratos de opções. Dessa forma, a asset consegue “travar” o fundo e reduzir sua volatilidade. Outro cuidado tomado pela casa diz respeito à seleção das exchanges com as quais opera. “Trabalhamos com apenas quatro empresas especializadas: FTX, Deribit, Binance e Kraken. Todas seguem altos padrões regulatórios e reúnem condições, inclusive, de operar como instituições financeiras”, diz Santos.

Potencial

Na avaliação de Santos, o fundo conta com potencial para chegar a um patrimônio por volta de R$ 1 bilhão. Para isso, a asset programa a execução de um pacote de ações de marketing, como o lançamento de um e-book sobre criptoativos, e negocia a oferta de seu carro-chefe em outros portais de investidores. De quebra, planeja o reforço da grade de produtos, atualmente composta por mais três fundos, dois dos quais com criptoativos no portfólio. “Estamos em vias de anunciar um fundo descorrelacionado do mercado, a exemplo do Critpo Structure, mas com tese de investimento distinta”, diz Santos. “Há muito espaço para inovar no mercado.”

O analista prevê cenários difíceis para os dois principais criptoativos a curto e médio prazo. A recente elevação dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, a quarta em quatro meses, abre espaço, em sua avaliação, para novas quedas do Bitcoin, que desde a sua criação, há 13 anos, nunca havia enfrentado políticas monetárias restritivas.

“Já o Ethereum, além de tudo, terá pela frente nos próximos meses o desafio de trocar a sua rede, para economizar energia e proporcionar mais rapidez às operações”, diz Santos. “Caso ele não tenha sucesso nessa transição, uma das opções que serão consideradas pelo mercado, nós inclusive, é o Polkadot, ativo que tem como criador Galvin Wood, um dos ‘pais’ do Ethereum.”

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