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Nubank reduz prejuízo, eleva receita média e nomeia presidente - Finsiders

A partir de agora, o Nubank terá um presidente. Não, o fundador e maior acionista do banco digital, David Vélez, não deixará a companhia. O executivo segue como CEO e focado na estratégia de longo prazo, incluindo desenvolvimento de produtos, expansão para novos mercados e novas aquisições.

Na reorganização do alto escalão, o banco digital alçou a presidente o marroquino Youssef Lahrech, atual Chief Operating Officer (COO). O executivo se reportará diretamente a David. A notícia é do portal Finsiders.

Na nova posição, que será acumulada com o cargo de COO, Youssef cuidará do dia a dia da operação, do orçamento e desempenho das métricas-chave para os produtos globais, as plataformas globais, as operações de mercado e as funções corporativas.

Matemático e engenheiro formado na França, com Mestrado em Engenharia pelo MIT, Youssef chegou ao Nubank em 2020. Antes, fez carreira na norte-americana Capital One, onde ficou por quase 20 anos.

Na reorganização, o Nubank também está criando a posição de diretor de desenvolvimento corporativo (Chief Corporate Development Officer), que também se reportará diretamente a David.

“Desde nossa fundação, em 2013, deixamos de ser uma empresa mono-produto de cartões de crédito no Brasil para ser uma plataforma de serviços financeiros multiprodutos e multigeográfica. Esse crescimento cria desafios organizacionais significativos, e o momento é propício para repensarmos nosso modelo de gestão e nos organizarmos para a próxima década de crescimento”, disse David Vélez, em comunicado ao mercado.

Sob Youssef Lahrech, ficam os demais membros da administração, entre eles, a cofundadora e CEO no Brasil, Cristina Junqueira. Ela também assumirá o posto de Chief Growth Officer (CGO), gerenciando as operações da equipe de mercado e as estratégias de crescimento com foco no cliente em Brasil, México e Colômbia.

O alto escalão do Nubank tem, ainda, Jag Duggal como Chief Product Officer (CPO); Matt Swan, o Chief Technology Officer (CTO); Marco Araujo, como Chief Legal Officer (CLO); Guilherme Lago (CFO); Henrique Fragelli (Chief Risk Officer, CRO); Vitor Olivier (Chief People Officer, CPO).

Resultado

O redesenho da alta administração ocorre num momento em que o Nubank, hoje avaliado abaixo de US$ 20 bilhões, busca se consolidar como uma das maiores plataformas de banco digital do mundo, ao mesmo tempo em que persegue a rentabilidade do negócio — que, aos poucos, começa a aparecer.

Em mais um trimestre definido pelo CEO como “forte, com crescimento e lucratividade”, o banco digital teve lucro líquido ajustado de US$ 17 milhões de abril a junho, um avanço tímido de 1,2% na comparação ano contra ano. Frente ao primeiro trimestre, a alta foi de 68,3%.

O resultado ajustado, importante destacar, é uma medida financeira calculada usando o lucro líquido ajustado por despesas relacionadas à remuneração baseada em ações e pelos efeitos tributários aplicáveis a esses itens.

No indicador não ajustado, o Nubank somou prejuízo líquido de US$ 29,9 milhões, 89% superior ao apurado um ano atrás. Já em relação ao trimestre anterior, houve uma melhora ante os US$ 45,1 milhões de perdas registrados nos três primeiros meses do ano.

No segundo trimestre, a receita do Nubank atingiu recorde de US$ 1,2 bilhão, crescimento de mais de 3x na comparação anual, neutro de efeitos cambiais.

Já a receita média por cliente ativo (ARPAC, na sigla em inglês) ficou em US$ 7,8, com avanço de 105% ano contra ano, excluídos os efeitos do câmbio. Na mesma base de comparação, o custo médio mensal de serviço por cliente ativo, porém, ficou estável, em US$ 0,80.

O Nubank encerrou junho com 65,3 milhões de clientes, aumento de 51% na comparação anual. Desse total, 80% são clientes ativos e mais de 95% (62,3 milhões) da base está no Brasil.

O restante se divide entre as operações do banco digital no México (com 2,7 milhões de clientes) e Colômbia (314 mil). Em solo asteca, inclusive, o Nubank se consolidou como o maior emissor de cartões. Na Colômbia, acabou de receber autorização para operar como instituição financeira.

“Registramos uma receita recorde e estamos dando grandes passos para nos tornarmos uma plataforma com multiprodutos em diferentes países. Nossa maior operação, no Brasil, é agora lucrativa, tendo registrado um lucro líquido de US$ 13 milhões no primeiro semestre de 2022, resultado do crescimento no número de clientes, que subiu para 65 milhões, e da nossa capacidade de oferecer novos produtos, também em cross-sell”, disse David Vélez, em comentário que acompanha o balanço de resultados.

Em uma estratégia de ‘rebundling’, o Nubank vem ampliando nos últimos anos o portfólio de produtos para pessoas físicas e pequenas e médias empresas (PMEs) — que já somam 2 milhões da base total de clientes. Os esforços têm dado resultado, com a taxa de atividade chegando ao recorde de 80%, o que significa 8 pontos percentuais a mais que o segundo trimestre de 2021.

No período entre abril e junho, os produtos principais do Nubank (cartão de crédito, conta e empréstimo pessoal) atingiram 29 milhões,45 milhões e 4 milhões de clientes ativos, respectivamente.

O seguro, lançado no ano passado, já tem mais de 700 mil apólices ativas. A plataforma de investimentos, NuInvest, reúne mais de 5 milhões de clientes ativos. O serviço de compra e venda de criptomoedas, o NuCripto, bateu 1 milhão de clientes em julho, três semanas após o lançamento.

“Somos a quarta maior empresa de cartão no Brasil, praticamente um quarto de todas as transações de Pix passam por NuContas; e somos líderes na área de investimentos com 5 milhões de clientes ativos. Também estamos diversificando e ganhando escala com cripto, seguros, pequenas e médias empresas e empréstimos pessoais”, afirmou David.

Crédito e inadimplência

A carteira de crédito chegou a US$ 9,2 bilhões no segundo trimestre, aumento de 107% na comparação ano contra ano, desconsiderando os efeitos do câmbio. A maior parte do volume (mais de 77%) é de cartão de crédito, e o restante do crédito pessoal — que vem aumento sua participação no total do portfólio.

A inadimplência cresceu, passando de 3,5% no para 4,2%, entre um ano e outro. O indicador de curto prazo (atrasos de 15 a 90 dias), porém, ficou estável em 3,7%.

A partir deste trimestre, a metodologia de cálculo do NPL (nor-performing loan) passou a dar baixa contábil, no caso dos empréstimos pessoais, aos atrasos acima de 120 dias — antes, o critério era acima de 360 dias. A baixa dos cartões de crédito permaneceu em +360 dias.

No pré-market desta terça-feira (16), as ações do Nubank sobem mais de 11%, cotadas a US$ 5,2. No ano, contudo, os papéis se desvalorizaram em mais de 50%.


Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins

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