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Credix, fintech DeFi, recebe R$ 60 milhões e usará recursos para se internacionalizar - BlockNews

Credix, plataforma baseada em blockchain para empréstimos a startups, em especial de crédito, recebeu um novo aporte de US$ 11,25 milhões (cerca de R$ 60 milhões) de um grupo de investidores que inclui Ricardo Villela Marino, presidente do Itaú América Latina. A fintech faz a conexão entre investidores institucionais globalmente e startups que precisam de recursos para emprestarem a seus clientes. O foco da empresa, que foi lançada oficialmente em novembro de 2021, é crédito para mercados emergentes. Com o novo aporte, pretende iniciar operação no México e Colômbia até o final do ano.

A rodada foi co-liderada pelos fundos multi bilionários norte-americanos Motive Partners – apoiado pela Apollo Global – e ParaFi , e seguido por outros como o Valor Capital, que já investe em startups como Hashdex, Lemon Cash e Bazy, de jogos. Além disso, entrarem na rodada Victory Park Capital, MGG Investment Group, Circle Ventures, Abra, a brasileira Fuse Capital e investidores privados como Marcelo Claure, ex-COO SoftBank e Marino. No final de 2021, a fintech levantou uma rodada Seed de R$ 14,2 milhões.

De acordo com Thomas Bohner, fundador e CEO da Credix, com os novos recursos, a fintech planeja aumentar a equipe de 14 para 25 pessoas, em especial com engenheiros de produtos. E passar dos atuais US$ 25 milhões de crédito sob gestão para US$ 100 milhões com a expansão internacional. Até agora, a fintech atua apenas no Brasil. As fintechs que precisam de crédito colocam suas necessidades na plataforma.

Os investidores ativos podem analisar e subscrever negócios um a um, para os quais podem antecipar um retorno de mais de 20% ao ano. Os passivos investem no perfil de liquidez, uma combinação de vários negócios com menor risco, mas também com retornos menores, cerca de 12% ao ano. Do lado de quem toma o empréstimo, o custo é de cerca de 1 a 2 pontos percentuais menor.

Novo aporte é também estratégico, diz CEO da Credix

Mas, afirma que o novo aporte vai além dos recursos financeiros, porque é muito estratégico. “Temos um grupo composto de capital local, global, envolvidos em crédito (caso da MGG) e cripto, como a Circle. Estamos construindo uma plataforma em que serão direta ou indiretamente usuários. A MGG está colocando milhões no pool de liquidez da Credix (dessa forma, coloca recursos para os créditos). A USDC, stablecoin da Circle, é a stablecoin que usamos”. O crédito é tokenizado, mas o recurso chega para a startup em moeda fiat.

Quanto a Marino, “somos muito próximos do Itaú. Construímos a plataforma para os bancos usarem, mas não necessariamente o Itaú vai usá-la”, afirmou. A Fenasbac, federação dos servidores do Banco Central, acabou de anunciar que o projeto de pool de liquidez do Itaú é um dos que participar da quinta edição do Lift Lab. A iniciativa do Lift é com o Banco Central (BC).

Bohner disse ao Blocknews que tem conversado com os bancos sobre os serviços da fintech. Para ele, o que a Credix faz, facilita o acesso das instituições financeiras a outros mercados, algo que hoje é um negócio muito local, por meio de uma tecnologia, a blockchain, que reduz intermediários e custos. Além disso, o tempo para levantar crédito diminui “de três a seis meses para três a seis dias”.

Há ainda contratos padrões – por meio de smart contracts – e que consideram as regulações dos diferentes países, reduzindo riscos. A Credix já faz a etapa do underwriting, ou seja, da intermediação de oferta das operações. A due diligence fica por conta de quem for dar o crédito a quem está pedindo na plataforma. Como é tudo em blockchain – no caso a Solana -, há transparência, diz Bohner.

“DeFi terá impacto massivo”

Por motivos como esses, Bohner acredita que o impacto que as finanças descentralizadas, como as que a Credix oferece, “terão um impacto massivo”. O Itaú, por exemplo, tem dito que em até cinco anos, os ativos financeiros estão em boa parte tokenizados. E essa perspectiva o fez criar a Credix.

Bohner trabalha com blockchain para serviços financeiros há sete anos. Antes de criar a Credix, o CEO da Credix atuava na IntellectEU, startup de tecnologia para finanças digitais e que usa blockchain. Belga, hoje mora em Nova York, para estar mais perto dos investidores.

Já Chaim Finizola, Chief Growth Officer (CGO) e cofundador, seu amigo desde o ensino médio, belga e de origem brasileira, fica no Brasil. Assim, fica perto do lado de quem toma crédito. Os dois trabalharam juntos na IntellectEU e Bohner diz que quando decidiu sair para montar um negócio que ligasse instituições financieras a mercados emergentes – a Credix -, convidou Finizola. O outro cofundador é Maxim Piessen, CTO.

Credix se manterá em B2B

A fintech afirma que continuará com foco em B2B, dando crédito às startups que fazem o B2C. mais de 25 fundos utilizando o serviço ativamente e possui negócios com empresas brasileiras como A55, Provi, Tecredi, Descontanet, Divibank e Adiante. Para ele, os reguladores brasileiros têm mente muito aberta e isso colocou o Brasil num ritmo de inovação maior do que o de outros países. “O Pix é um dos projetos de ‘fintech’ mais bem sucedidos”, completou.

“Blockchain e, especialmente, DeFi, têm o potencial de criar uma infraestrutura de mercados financeiros mais escalável, eficiente e barata”, disse Michael Nicklas, sócio-gerente do Valor Capital Group. “Fazer a ponte com os mercados tradicionais é um componente-chave de nossa tese de cripto”, completou.

“A ParaFi foi investidora seed da Credix. Acreditamos que a Credix está reconstruindo um sistema antiquado por meio da tecnologia blockchain e resolvendo um problema do mundo real em um momento crítico para a indústria”, afirmou Ben Forman, sócio-gerente da ParaFi Capital.