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Data is money: dWallet da DrumWave chega ao mercado brasileiro em 15/10 para ajudar usuário a monetizar seus dados

A primeira carteira virtual de dados “monetizáveis” chega ao mercado brasileiro no dia 15/10 para transformar informação em moeda.

A dWallet é a ponta do iceberg de um ecossistema idealizado pela DrumWave, empresa brasileira de alta tecnologia – um misto de fintech e big tech – que nasceu em Palo Alto, na California, há sete anos. Seu sócio fundador, André Vellozo, e o presidente da empresa, Fernando Teles – que foi country manager da Visa no Brasil por cinco anos, até 2021 – apresentaram o produto nesta semana em São Paulo a uma plateia de potenciais clientes.

Segundo Vellozo, será possível a pessoas e empresas “vender” suas informações a terceiros em vez de apenas consentir seu uso de graça. “Tudo o que a gente faz todo dia, e o que não faz também – até dormindo – gera dados. Para a DrumWave, monetizar dados não é comprar e vender data service; é dar para os dados três coisas: divisibilidade, transportabilidade e resistência a fraudes. Tudo isso é característica de moeda”.

O CEO lembra que hoje as pessoas podem fazer o que quiserem com seu dinheiro, mas com seus dados, nada. A dWallet chega para mudar esse cenário ao permitir ao usuário conectar, estocar e compartilhar seus dados com ofertas simplificadas e gratuitas. Para garantir autenticidade dos dados, a DrumWave usa três camadas de algoritmos, batizado de DIM – data, information e meaning (dado, informação e significado). “Dado não auditado não pode ser monetizado”, diz.

O ecossistema arquitetado pela DrumWave vai permitir ao usuário organizar, autenticar e vender seus dados a terceiros, e inclui desde uma parceria com a IBM – que entra com Inteligência Artificial, hospedagem da plataforma na sua cloud híbrida e outras tecnologias – a agentes de dados, certificadores e “data apps”. Os agentes de dados serão os corretores que conectarão as ofertas às demandas. A DrumWave já tem alguns parceiros entre empresas de diversos segmentos e bancos.

Teles, que além de executivo é sócio do negócio, defendeu o que chama de nova economia de dados e convidou todos a se engajarem: “Vamos juntos liberar essa economia de dados. Não vamos fazer nada sozinho, vamos fazer com vocês”.

Fernando Teles

O lançamento da dWallet será faseado e o negócio deve estar 100% no ar em junho do ano que vem.  O onboarding das contas começará por usuários pessoas jurídicas, e deve terminar em dezembro; a fase chamada de “estabilização” vai de março a junho de 2023, com a realização de foruns técnicos e suporte aos agentes de dados; a expansão começa em junho, com a escalada do ecosssistema, aplicativos de dados comerciais e avançados, explicou Cecílio Cosac, CTO da DrumWave – o engenheiro responsável por colocar em pé o projeto visionário de Vellozo.

Na prática

A carteira de dados permite que pessoas e empresas decidam se e como querem dar acesso aos seus dados a outras pessoas ou empresas e também possibilita receber um reconhecimento, recompensa ou remuneração nestas transações.

A pessoa ou empresa vai baixar a sua D-Wallet e abrir uma conta poupança de dados. Depois de autenticados, o usuário poderá ativar o valor dos dados que troca com toda pessoa, empresa, banco, produto ou serviço com o qual se relaciona – sem Android, Google, Amazon ou Apple no meio.

Vellozo acredita que exista hoje um mercado potencial pra compra e venda de dados no valor de US$ 1,8 trilhão. A DrumWave – que até agora ganha dinheiro tratando dados para empresas – quer passar a ganhar um “interchange fee” no novo negócio. A DrumWave quer trazer 20% desses dados que valem dinheiro para um ambiente fechado. “Vamos dar poder ao dono dos dados”.

Ao longo da apresentação, os executivos deram diversos exemplos de aplicação da dWallet. Uma pessoa diabética pode vender todas as informações sobre oscilação diária dos seus níveis de insulina, consumo de medicamentos e alimentação seja para outros grupos de diabéticos seja para a indústria farmacêutica desenvolver novos remédios, por exemplo. Uma pessoa saudável aos 70 anos também pode dividir seus dados relativos a seu estilo de vida com pesquisadores para servir de benchmark. Pais e mães podem coletar informações de seus filhos desde o nascimento, o que inclui doenças e remédios, comportamentos e consumo, progressão de peso e altura, desempenho em esportes e estudos – criando uma poupança para “sacar” no futuro e ajudar no financiamento dos estudos.

A parceria

A dWallet será hospedada na IBM Cloud, que adota uma abordagem flexível de nuvem híbrida para conectar e acessar dados on-premise ou em várias nuvens e alavanca o IBM Cloud Pak for Data. Segundo as empresas, isso simplifica o acesso fornecer ofertas acionáveis ​​

aos usuários, enquanto automatiza a aplicação de políticas para proteger seu uso.

Além disso, o IBM Watson Knowledge Catalog no IBM Cloud Pak for Data on IBM Cloud foi implementado para catalogação de dados e criação de perfil para a DrumWave gerenciar as diversas fontes de dados em um só lugar.

Brett King

O futurologista e autor de best sellers australiano Brett King – considerado o “avô” das fintechs – encerrou o evento com uma palestra imperdível. King faz parte do board of advisors da DrumWave, assim como João Bezerra Leite, investidor anjo da Bossanova e ex-diretor de tecnologia do Itaú. Ouça aqui, na íntegra, o que Brett espera para 2050:

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