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Entrevista/Wagner Martin: “Não adianta estimular o cliente a compartilhar dados sem dar transparência”, diz VP da Veritran

A Veritran, multinacional argentina especializada em soluções low code, entrou no Brasil em 2020 de olho nas oportunidades abertas pela agenda de implantação do Open Finance. De lá para cá, vem acompanhando as mudanças e oferecendo suas soluções para instituições financeiras.

Uma das frentes que a Veritran quer explorar é o compartilhamento de dados financeiros. “Mas não adianta estimular o cliente a compartilhar dados sem dar transparência”, diz o vice-presidente de negócios da Veritran, Wagner Martin.

Low code, no jargão dos profissionais de TI, é uma técnica de desenvolvimento de software que usa ferramentas de modelagem visual para criar aplicativos com “menos” código do que o desenvolvimento tradicional. A empresa tem 17 anos de estrada e como investidores o grupo americano Trivest e os próprios sócios fundadores.

Martin, que antes de assumir o cargo na Veritran estava na Decolar, revelou em entrevista à Fintechs Brasil que a empresa está trabalhando no que chama de “painel de consentimento” para que os clientes escolham quais dados compartilhar, com quem, e por quanto tempo.

Leia a seguir os principais trechos do bate papo da editora Léa De Luca com o executivo, que tem mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia, amplo conhecimento de meios de pagamentos digitais, serviços comerciais, autogestão de clientes e operações de vendas e pós-venda.

FINTECHS BRASIL:  O que vocês oferecem para ajudar as instituições a incentivar o compartilhamento de dados dos seus clientes?

WAGNER MARTIN: A Veritran atende bancos de varejo e de negócios e ecossistemas de pagamentos com soluções de onboarding & identificação e segurança de clientes digitais. Nosso novo produto, ainda em fase de testes com alguns clientes, é o “painel de consentimento” para compartilhamento de dados dentro do Open Finance. Com ele, um banco digital ou fintech pode oferecer aos clientes um processo mais fácil, seguro e transparente. Ao consentir o compartilhamento, o cliente escolhe quais dados, por quanto tempo, para quais instituições e com que objetivos. O painel torna o processo mais administrável, o cliente se sente dono dos dados de fato. Acreditamos que não adianta somente estimular o compartilhamento: se não der transparência e controle, o cliente fica com receio de aderir. Hoje muita gente não dá consentimento porque não sabe como será o processo. A partir do ano que vem, o painel de consentimento estará disponível para todos os nossos clientes.

FB: Já existem soluções concorrentes no mercado?

WM: Existem soluções mais simples sendo testadas por alguns players, em projetos muito embrionários ainda – e não com todas as funções como a nossa.

FB: E em relação à globalização das finanças, quais são as novidades?

WM: O tema “finanças sem fronteiras” pode ser dividido em duas frentes: as Borderless Wallets, que são carteiras internacionais voltadas para instituições financeiras ou outros setores que desejam oferecer aos seus clientes um canal digital para a realização de transações monetárias, com operações em mais de uma moeda e operar com sistemas de pagamento digital de diversos países como o PIX (Brasil), Transferencias 3.0 (Argentina), CoDi no México e pagamentos com QR nos Estados Unidos.

Já a outra é o Onboarding Internacional voltada para instituições que têm operações em vários países. Uma única solução para gerenciar diferentes processos de onboarding dependendo do país onde o usuário está localizado, com integrações ready-to-use que se adaptam às regulamentações de cada mercado.

A Veritran está em fase de testes com clientes que ainda não podem ser revelados, mas em seis meses a solução deve estar no mercado.

FB: Quais outros produtos e serviços vocês oferecem no Brasil?

WM: Somos uma empresa com 17 anos e estamos no Brasil desde 2020. Temos mais de 50 bancos como clientes, mais de 25 milhões de clientes realizando mais de 20 bilhões de transações por ano no mundo. Viemos para o Brasil exatamente para justamente para alavancar o mercado de fintech  com nossas soluções de Open Finance. Fintech não precisa fazer estudo para saber qual a melhor usabilidade para o carrossel de cartões multibanco, por exemplo. Desenvolvemos sistemas para criar carteira digital (para pessoas físicas e jurídicas), para melhorar a experiência dos usuários e a segurança. Temos três fintechs como clientes, entre elas o G10 Bank, que ajudamos a acelerar no Lift Lab do Banco Central. Para p G10, criamos um sistema de score de risco de crédito para ser usado em clientes que vivem em situação vulnerável, sem comprovante de renda nem endereço. Temos muito orgulho dessa parceria para promover mais inclusão financeira no Brasil.