Reportagens Exclusivas

Mitfokus levanta "follow on" com a Bossanova, para estender oferta e entrar em crédito; FIDC também está nos planos  

A Mitfokus, fintech de gestão financeira para clínicas e profissionais de saúde, acaba de receber uma extensão, em valor não revelado, do investimento recebido há cerca de um ano pela Bossanova Investimentos e outros investidores anjo.

“Com esses novos recursos, vamos distribuir nosso produtos de contabilidade para o Brasil todo, e também inaugurar novas funcionalidades no aplicativo”, diz a fundadora e CEO Júlia Lázaro. Ainda neste segundo semestre, está nos planos da Mitfokus abrir conta digital e entrar em crédito, como antecipação de recebíveis (de convênios e cartões) e financiamento de equipamentos médicos.  

Segundo Júlia, a fintech está negociando parcerias com investidas da Bossanova que atuam no negócio de antecipação de recebíveis: “Estamos conversando com cinco delas no momento, mas ainda não definimos”, informa. A Mitfokus também está em negociação com fabricantes de equipamentos.

Para financiar as operações, a fintech está analisando opções: “Queremos estruturar um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC); será a cereja do bolo”, diz a empreendedora.  

Júlia revela ainda que a Mitfokus está investindo também na integração com softwares de gestão de clínicas – o primeiro parceiro é a Eyecare. Outros parceiros são as edutechs para médicos Sanar e Cetrus.

“Nossa primeira rodada, em meados do ano passado, tinha como objetivo aumentar o faturamento em 100% ao ano nos próximos três anos, e até agora estamos caminhando neste trilho”, diz a CEO.  

A fintech, que atende hoje cerca de três mil médicos, está inaugurando funcionalidades como integração com bancos dos usuários, confecção e envio de relatórios, agendamento de pagamentos e outras solicitadas pelos clientes.

Residentes

No final do ano passado, a Mitfokus começou a oferecer seus serviços para médicos recém saídos da faculdade que começam a estagiar – fase que na Medicina é obrigatória, e conhecida como “residência”.

“Mais de 32 mil médicos são formados todos os anos no Brasil, e esses jovens médicos chegam ao mercado com um perfil mais tecnológico; nossas soluções vão ao encontro das suas necessidades”, acredita.

Cerca de 85% dos 560 mil médicos brasileiros são pessoas jurídicas, trabalham em média 60 horas por semana, têm quatro fontes de renda diferentes, vários sócios e nenhum tempo para cuidar das finanças”, diz. Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil 2020. O nicho, segundo a CEO, tem especificidades que a maioria dos contadores generalistas não conhecem. “Esse desconhecimento pode custar mais de R$ 1,6 milhão em impostos pagos desnecessariamente ao longo de uma carreira de 35 anos”, afirma.

“Procuramos fintechs que tirem fricção do sistema financeiro e que conheçam bem nichos de mercado, de forma a agregar valor ao cliente”, diz João Bezerra Leite, head de investimentos em fintechs da Bossanova. “Os médicos, quando estão na universidade, não se dão conta que ao saírem vão virar microempresários, pois o mercado está pejotizado. E a Mitfokus os ajuda nessa jornada”.