Em 10 anos, fintechs atingem participação de 16,8% do mercado de cartões de crédito; a dos cinco maiores bancos cai 15 pontos, diz estudo
Em 9/10, a aprovação da Lei 12.865 faz 10 anos. Foi ela que regulamentou as atividades dos arranjos e instituições de pagamento, e permitiu o desenvolvimento das fintechs no país. Nesses 10 anos, as fintechs atingiram participação de 16,8% do mercado de cartões de crédito. Já a dos cinco maiores bancos – Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander – caiu 15 pontos. A conclusão é de um estudo encomendado à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) pela Zetta – associação fundada por Nubank e Mercado Pago, que já reúne 30 fintechs brasileiras.
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O levantamento mostra que, de 2017 para cá, as fintechs aumentaram mais de 15 pontos percentuais de participação no mercado de cartões de crédito. Já os “Big Five” percorreram caminho inverso: eles tinham 81% do mercado, e no final do ano passado, 64%.
O estudo da Fipe foi realizado por Hyeon Jin Jeong, sob a coordenação de Márcio Issao Nakane non final do mês passado.
Além dos cartões, desde que as fintechs apareceram atingiram participação relevante também em outros segmentos do mercado financeiro, como depósitos a vista + contas de pagamento (10,3%), crédito pessoal não consignado (10%), depósitos a prazo (8,3%), ativos totais (7,9%) e financiamento de veículos.
Economia de tarifas…
Uma das maiores evidências de que a entrada dos novos players digitais no mercado beneficiou os clientes pela maior concorrência é a queda das tarifas.
As fintechs começaram a operar efetivamente a partir de junho de 2014. O gráfico abaixo mostra a evolução das receitas de tarifas bancárias, ou seja, o que as instituições financeiras, incluindo as fintechs, de fato receberam sob a forma de pagamentos de tarifas bancárias de seus clientes.
O estudo admite que a pandemia e o advento do PIX, a partir de 2020, podem ter contribuído para essa queda. Mas, “caso não existissem as fintechs, o valor médio mensal de tarifa bancária por um cliente típico teria sido de R$ 35,22 ao final de 2022, ao invés de R$ 22,27, economia de R$ 12,95 ou de 36,8%.”
… mas de juros nem tanto
Em relação aos juros, contudo, na média os grandes bancos de varejo continuam imbatíveis. Afinal, os depósitos arrecadados pelas agências são praticamente sem custo para eles, enquanto a maioria das fintechs, ao contrário, oferece remuneração desses depósitos para atrair clientes. Em relação ao mercado como um todo, as fintechs costumam cobrar menos.
“Exceto para alguns poucos meses ao final de 2020, as taxas de juros do crédito pessoal não consignado das fintechs é menor que a taxa média para todo o mercado, ainda que seja superior ao dos bancos incumbentes a partir de meados de 2019”, diz o estudo.
Azul=fintechs; vermelho=incumbentes; preto=variação
Critérios
O estudo usou critérios próprios para selecionar as fintechs que fazem parte da análise. O principal foi a disponibilidade de informações públicas, como a presença da instituição financeira nas bases de dados publicamente divulgadas pelo Banco Central. Utilizando este critério, entraram no estudo todas as instituições de pagamento (total de 58) e 13 bancos digitais (entendidos como aquelas que oferecem soluções digitais aos clientes como estratégia de negócios dominante).
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