“Hoje temos mais empresas do que fintechs como clientes”, diz CEO da BMP, especializada em finanças embarcadas

“Hoje temos mais empresas do que fintechs como clientes”, diz CEO da BMP, especializada em finanças embarcadas
Carlos Eduardo Benitez/BMP

A BMP, uma das primeiras empresas especializadas  em tecnologia de “finanças embarcadas”, já chegou a atender 250 fintechs, a maioria de crédito. Nos últimos dois anos, porém, muitas delas fecharam as portas. Hoje, a BMP tem entre os clientes mais empresas do que fintechs: são 150, e apenas 80 fintechs.

A informação é do fundador e CEO da BMP, Carlos Eduardo Benitez. “Hoje, 90% das demandas que chegam à BMP são de empresas não financeiras, e só 10% vêm de fintechs”. Segundo o CEO, o que estamos vendo é a aplicação do conceito de “banco de montadora”, que se popularizou no Brasil na década de 1990, a outros setores da economia. Ele diz que nunca gostou do termo “Banking as a Service”: “Prefiro a ideia de’banco de montadora’”.

Entre as empresas que contrataram a BMP para criar suas fintechs estão Magalu, Gol, Energisa, Via, Havan e Americanas, por exemplo.

“As empresas estão aprendendo que precisam criar uma unidade de negócios para gerenciar o capital que circula no seu ecossistema”, acredita. “Não basta ‘encostar’ em uma bandeira de cartão de crédito, é preciso unir a verticalização de serviços à melhor experiência para o cliente, produtividade e corte de custos para a empresa”.  

A BMP começou oferecendo serviços para fundos de investimento em 2013 e quatro anos depois, entrou no negócio de tecnologia. Hoje são 427 clientes, 65% do mercado financeiro (a maioria, FIDCs e departamentos de cobrança de bancos) e 35% empresas não financeiras.

Cielo e Pagol

Entre os cases que a BMP atende, Benitez detalha o da Cielo e o da Pagol. “A Cielo, agregou serviços aos usuários das maquininhas. Além da oferta de desconto de recebíveis (que são vendas já realizadas), dá capital de giro (cujas parcelas são descontadas das vendas futuras). A BMP criou um mecanismo de débito inteligente: em vez de pagar R$ 1 mil por mês, o lojista paga R$ 50 por dia, por exemplo”, revela.

No caso da Pagol, a BMP estruturou a oferta de crédito consignado para os funcionários da Gol. “Para que a empresa tem que deixar essas operações, tão rentáveis e com zero inadimplência, nas mãos do banco onde deposita os salários dos funcionários?  Em vez disso, a própria empresa pode ganhar esse spread, e ainda cobrar menos dos funcionários”.

Em 2021, mais de metade das fintechs de crédito brasileiras operavam com a BMP. “O mercado mudou muito e várias SCD que surgiram em 2023 para abrir conta digital não estão produzindo nada.  Se for olhar quantas fintechs tinha em 2015 e em 2023, o bolo cresceu muito – muitas das fintechs de crédito que existiam há oito anos não existem mais”, diz Benitez.

Sem rótulos

Hoje com 310  funcionários, dos quais 125 são de tecnologia, a BMP faturou R$ 300 milhões no ano passado – segundo o CEO, receberam 527 consultas e fecharam 100 contratos.  Em 2023, prevê atingir faturamento de R$ 360 milhões.

“Somos a 19ª instituição financeira do Brasil em volume de crédito, fizemos R$ 20 bilhões em 2022; realizamos de 11 milhões a 12 milhões de operações de crédito por ano. Só fazemos isso por causa da ineficiência que há no mercado financeiro brasileiro. A maioria dos bancos oferece crédito para quem não precisa”, afirma.  Segundo Benitez, apenas 15% dos clientes bancários usa as ofertas pré aprovadas nas suas contas; nos marketplaces, o índice é ainda mais baixo, de 8%.

A BMP atua no mercado de crédito desde 2009 no financiamento de máquinas e equipamentos, veículos leves e pesados, CDC lojista (BNPL), crédito fumaça para micro e pequenas empresas e consignado privado.

Benitez diz que a BMP não gosta de rótulos: “Somos fintech, empresa de tech e instituição financeira. Tratamos o cliente como banco não só como uma empresa de tech; não focamos nosso no sucesso da tecnologia, mas nos resultados –  este é um dos nossos diferenciais”, acredita.

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