Reportagens Exclusivas

iugu, que automatiza transações financeiras para empresas, prepara-se para novo aporte, novo FIDC e novas "avenidas de crescimento"

A fintech iugu, que usa tecnologia de ponta para automatizar transações financeiras para empresas, prepara-se fechar um novo aporte, abrir um novo Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) e explorar novas “avenidas de crescimento”.

As perspectivas foram reveladas pelo CEO da iugu, Renato Fairbanks, em entrevista exclusiva ao portal Fintechs Brasil. Ele assumiu o cargo no começo de 2020, no lugar do fundador Patrick Negri, hoje diretor de tecnologia da fintech. Fairbanks foi o primeiro “investidor anjo” da iugu, em 2014. “Me sentia mais um cowboy do que um anjo, desbravando um mundo novo”, brinca.

O primeiro aporte, de R$ 120 milhões, foi liderado pelo Goldman Sachs em 2020. No mesmo ano (2020), a iugu recebeu licença do Banco Central para operar no Brasil como Instituição de Pagamentos (IP). “Ainda temos recursos desta rodada. É um problema bom para se ter, eventualmente é uma discussão para a gente ter com os acionistas, porque uma alternativa é devolver, outra alternativa é empregar esse dinheiro e crescer mais rápido em algumas áreas. É uma discussão natural entre empresa e investidor”, diz o CEO.

Já o FIDC, que levantou R$ 100 milhões em 2022 com o Bradesco BBI para antecipação de recebíveis dos clientes, está praticamente todo comprometido. “Devemos ter novidades em breve. A gente registra os recebíveis dos clientes em uma das centrais, para que o cliente se beneficie – mas ele não precisa antecipar com a gente, pode antecipar com a instituição que quiser”. O CEO garante, também, que não tem intenção de ser uma registradora.

E sobre as avenidas de crescimento, o executivo lista algumas das possibilidades no radar: “Hoje ajudamos nossos clientes a faturar, enviar a fatura, controlar os fluxos de pagamentos… mas tem muitas outras coisas que ainda não fazemos. Tem cliente que gostaria de um check out mais personalizado, ou de opções para investir melhor seu dinheiro… poderíamos acrescentar essas funcionalidades. E, eventualmente, abrir nossa plataforma a terceiros – não fazemos cobrança, por exemplo: mas podemos agregar quem faz”.

Modelo de negócio

O modelo de negócio da iugu, desde o começo, sempre visou a sustentabilidade antes do crescimento. “Sempre quisemos uma empresa que parasse de pé, nunca entramos na onda de prestar serviços de graça; se tem custo, temos que conseguir cobrar por ele. O objetivo é oferecer o melhor produto, o melhor serviço a um preço justo, o menor preço possível – mas não de graça”.

Segundo Fairbanks, um dos pilares da sustentabilidade da iugu é desenvolver tecnologia em casa: “Dá mais trabalho, mas economizamos com isso e oferecemos mais flexibilidade aos clientes. Além disso, também conseguimos margens altas, ao redor de 60%. E não é porque cobramos caro – mas porque controlamos muito as despesas”.

De acordo com o documento protocolado pela iugu no site do BC em 4/9, a fintech encerrou o primeiro semestre de 2023 com receita líquida de R$ 74,2 milhões e lucro bruto de R$ 39,8 milhões, 79% e 108% acima do mesmo período do ano passado, respectivamente. “Neste ano devemos crescer 80% em relação a 2022; de forma anualizada, desde 2014 crescemos em média 100% ao ano”, diz o CEO.

De micro a grande

A iugu nasceu atendendo empresas bem pequenas, com 10 funcionários em média – quem estava começando, mas já queria preparar o negócio para crescer. “Mas empresas médias e grandes estão cada vez mais descobrindo que podem se beneficiar da nossa proposta, pois muitas ainda têm processos manuais que podem ser otimizados para diminuir custos e reduzir inadimplência”.

E se, no começo, a iugu tinha foco em tamanho, nunca teve preferência por setor de atividade. “Somos diversificados em setor, não sofremos a dor de um específico. Não é fácil vender soluções que sirvam para diferentes setores, mas a vantagem é esta, não ficar dependente”, diz Fairbanks. “Com nossa tecnologia flexível e profunda estamos preparados para viabilizar os negócios de diferentes necessidades. Não somos uma caixa preta. Chegamos para fazer do jeito que o cliente precisa, não do velho jeito ‘pode ser como quiser desde que seja do meu jeito’”.

Leia também

Renato Fairbanks Ribeiro é o novo CEO da iugu; outros cinco executivos entram no time

Em um ano, 16 fintechs brasileiras dispensaram quase três mil colaboradores – mas outras estão contratando